Faz hoje dois anos que o PENICHE SURF NEWS veio a público pela primeira vez. Tem sido um caminho de enorme prazer, vivido de forma apaixonada, mesmo que em alguns momentos, difícil, e tenha apetecido, pelas mais diversas razões, parar, achar que não vale a pena. Muitas vezes me têm dito, nomeadamente amigos mais chegados, não te metas nisso… estás-te a cansar para quê… não mudas nada… etc, etc, etc… Bem, eu sou assim, sempre fui. Sempre gostei de afrontar, sempre gostei de pôr o dedo na ferida, sempre gostei de dar a minha opinião. Já passei dos quarenta, não me aptece mudar. Este é um “site/blog” que pretende discutir o surf em Peniche, nas suas mais variadas vertentes. O objetivo tem sido o de trazer outros a participarem. Temo-lo pouco a pouco conseguido. Tivemos felizmente novas e valiosas colaborações, tanto em artigos de opinião, como em ‘estórias’ de surf, em crónicas de viagens pelas melhores ondas do mundo, e até na arte de bem desenhar uma BD de cariz humorístico. Ao longo destes vinte e quatro meses, foram mais de cinco centenas de artigos, tendo-se verificado do primeiro para o segundo ano um acréscimo na ordem dos 34%. No passado mês de Junho, foi batido o recorde de vistas mensais, 18.298. No global, ao longo destes dois anos foram mais de 230 mil, mais precisamente 232.406, o que se reflectiu numa média diária de 323. A generosidade destes números dá-nos alento para continuar, dá-nos algum conforto, relativamente ao que publicamos, que porventura terá algum interesse.
O PENICHE SURF NEWS nasceu para que o surf e os surfistas de Peniche tenham pelo menos um local onde sejam os protagonistas, o PENICHE SURF NEWS nasceu para que o surf e os surfistas de Peniche tenham pelo menos um local onde sejam sempre defendidos, o PENICHE SURF NEWS nasceu para que o surf e os surfistas de Peniche tenham pelo menos um local onde possam ser promovidos, não necessitando para isso dar nada em troca. Este é o seu propósito, e é nessa linha que irá continuar. Boas ondas.
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Temos nos últimos tempos assistido a um verdadeiro assalto à exploração da imagem do surf, para tudo e mais alguma coisa. Qualquer anúncio de verão que se preze, terá obrigatoriamente de meter uma prancha de surf. As telenovelas, espaço nobre de qualquer televisão generalista, já incluem nas suas cenas o agora tão mediático surf, é um gostinho ver a Diana Chaves de fato vestido e pranchinha debaixo do braço a filmar no Baleal. Até nas prateleiras dos supermercados, na zona dos detergentes, por lá existe um para lavar roupa, pasme-se, de nome… surf. A classe politica, astuta como é, também não descartou a oportunidade de se aproveitar desta nova onda, e desde secretários de estado em eventos e palestras sobre surf, deputados com intervenções no parlamento sobre surf, câmaras que “roubam” os negócios de surf a privados para serem eles a explorar o filão, governos regionais que aqui há uns anos, e não tantos como isso, destruíam ondas com as suas obras megalómanas, pois o surf era para uma cambada de pés-rapados, agora já apoiam e querem apoiar tudo e mais alguma coisa no surf, enfim, basicamente toda a gente quer ganhar com o surf, seja dinheiro, seja mediatismo. Os políticos, e já devíamos ter aprendido isto, salvo algumas excepções, não são uma classe confiável, bem pelo contrário, e nós, surfistas, continuamos a trata-los de uma maneira que eles não merecem, com sorrisos e palmadinhas nas costas, mal eles aparecem em qualquer evento onde o surf está. Para quê? Para alimentar o nosso ego? Para aproveitarmos também os nossos cinco minutos de fama? Não vale a pena, tenham coragem e digam a esses senhores, que não são bem-vindos ao surf enquanto não o tratarem com respeito, que é aquilo que não têm feito. No documento que se encontra no “site” do IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude – Instituto do Desporto), referente ao Financiamento ao Movimento Associativo (Desporto Federado 2013), datado de 6 de Junho, num total de € 73 Milhões orçamentados para o corrente ano, o surf não merece um único cêntimo, zero, bola, nada… Há alguma coisa nestes quadros que me está a escapar, e das duas uma, ou os senhores políticos não têm confiança nas classes dirigentes do nosso desporto, e não estão para passar dinheiro para as mãos destes, ou então, gostam de aproveitar aquilo que o surf lhes dá, mas acham que este não merece nada em troca para se desenvolver.
Pois é, os políticos são nossos amigos… yohhhh… O editorial do passado mês intitulava-se “The dark side…”, e refletia um episódio por mim presenciado de uma das negras facetas do surf. Este, nem sei bem como o devo intitular. Durante o passado mês de Abril, foram por aqui publicados dois artigos de opinião, um da autoria de Edgar Henriques, no dia 19, e outro de Paulo Ferreira, no dia 26, onde eram abordados assuntos de importante relevância quanto à Federação Portuguesa de Surf, tendo como pano de fundo o acto eleitoral que se iria realizar dia 28. Tenho perfeita consciência que este meu “blog/site”, como lhe queiram chamar, que se dedica quase em exclusivo a assuntos de surf em Peniche, é completamente insignificante no meio, sem a visibilidade das bíblias, corões, salvadores e outros, do surf em Portugal. Como ao longo deste tempo não consegui descortinar um único artigo de opinião sobre este assunto nos tais gigantes da imprensa nacional especializada, achei que tinha alguma relevância partilhar as opiniões de duas pessoas, que para além de fazerem parte de um clube de surf, nada mais têm a ver com os negócios do surf, o que é raro nos tempos que correm. Dentro das minhas possibilidades, fi-lo o mais possível, principalmente nas redes sociais, onde os principais “players” desta modalidade são presença assídua, na tentativa de obter reações, áquilo que penso ser, dos assuntos mais importantes do ano deste nosso desporto, a eleição de quem nos irá dirigir nos próximos tempos. Fiquei desiludido com a letargia que se vive no meio, as pessoas já não opinam, não querem saber, não interessa. O importante é a foto do não sei quantos na Indonésia, ou o vídeo do outro a ser puxado pelo carro do lixo em cima de uma prancha de surf, isso é que importa, é “likes” e comentários à fartazana, agora assuntos relativos à eleição da futura direção da Federação Portuguesa de Surf, para que é que isso importa. É este o país (com letra minúscula propositadamente) em que estamos, onde já ninguém quer saber, e devido a esta aparente apatia, permitimos que quem se movimenta nos meios de influência faça tudo e mais alguma coisa com o sentimento de impunidade, pois ninguém pergunta, ninguém afronta. Como é possível que numa Gala da Federação Portuguesa de Surf se tenha homenageado alguém, que foi sócio-gerente de uma empresa, com a qual a própria federação teve, ou tem (ainda ninguém o esclareceu cabalmente), um assunto pendente, inclusivamente refletido nas contas da própria federação. Como é possível que essa mesma pessoa, seja agora eleita na lista recentemente vencedora, para os órgãos sociais da Federação Portuguesa de Surf, reforço, sem que ninguém o tenha esclarecido cabalmente. Será ousadia de mais levantar esta questão, pergunto, não haverá aqui pelo menos um conflito de interesses. Tinha a esperança, talvez ingénua, que o surf, regido por surfistas, enveredasse por um rumo diferente daquele a que estamos habituados a ver relativamente à maioria das atividades neste país. Tinha a esperança, talvez ingénua, que a irreverencia própria do surf, servisse para não embarcar nestes jogos “lobísticos” em que uma mão lava a outra, a que estamos habituados a ver relativamente à maioria das atividades neste país. O exemplo deve vir de cima, e neste caso, em minha opinião não veio, mas a isso também já nós estamos habituados. Gostaria de terminar, esclarecendo que este meu desabafo, nada tem de pessoal, mas apenas e só, o constatar com tristeza, que a federação que rege o meu desporto, segue a mesma lógica de funcionamento a que este país e seus dirigentes nos têm habituado. Aqui sim, o exemplo veio de cima… Acompanhei de perto a última etapa do Circuito Nacional de Surf Esperanças, que se realizou em Peniche no passado mês de Março, e assisti a um espetáculo, no mínimo triste, não na água, mas na areia. A determinada altura, uma criança, sim, uma criança, não teria mais de oito, nove anos, saía da água, abandonava o seu “heat” poucos minutos depois de ter entrado, não se sentia muito confortável com o mar que estava. Foi recebida à beira d’água pelo seu treinador, acompanhante, ou sei lá o quê, aos gritos, a gesticular, e a mandá-la novamente lá para dentro. Que remédio teve, lá foi. Aquela criança, naquele dia, não se divertiu a fazer surf, simplesmente porque não estava ali para isso, não estava ali para se divertir. Com oito, nove anos, aquela criança, estava ali unicamente para fazer surf e justificar o investimento que alguém está a fazer nela, aquela criança estava ali, porque é um projeto de alguém. Se uma criança com oito, nove anos, fizer surf por mais alguma razão, que não seja o de se divertir, seja em competição ou não, então, algo está muito mal… a competição, pelo menos, como eu a vejo nestas idades, até ao escalão de sub-14, deveria ser encarada de modo divertido, espontâneo, de convivência salutar,… O surf mostrou aqui o seu lado mais negro, em que necessita que uma criança de oito, nove anos, deixe de se divertir a surfar, só porque alguém investiu, seja tempo, seja dinheiro,… e quer retorno. Ainda bem que não são todos assim… Boas ondas, e ... divirtam-se... No editorial deste mês, era inevitável que se falasse da recente parceria entre a Câmara Municipal de Peniche e a Câmara Municipal de Cascais relativamente à etapa do World Tour que ainda, repito, ainda, passa por cá. Desde já, dizer que esta parceria deve ser muito mais vantajosa para o Município de Cascais do que para o de Peniche, e esta minha constatação advém do facto de no site do Município de Cascais lá estar a notícia relativamente a este assunto, já no de Peniche, por muito que procurasse, não consegui encontrar qualquer referência ao mesmo. Sendo que por definição, uma parceria pressupõe que todos os parceiros retirem vantagem da mesma, é no mínimo estranho, que um dos parceiros não a promova. Recentemente a propósito da minha opinião sobre este assunto, vieram-me novamente com a “tanga” da intervenção positiva. Bolas, que quando arranjam um chavão é até à exaustão. Muito sinceramente, quando me dizem que deveria ter uma abordagem virada para a intervenção positiva (estou farto desta expressão) naquilo que escrevo, na prática, o que me estão a sugerir, é que não escreva que as coisas estão mal quando eu acho que estão. A grande vantagem de se escrever o que se acha, é que quando está escrito, não há dúvida, está escrito, e quem escreve assume claramente o que escreveu, fica um registo. Cascais Trophy, este assunto até me dá a volta às entranhas. Bom, aquando da notícia de Peniche ser contemplada com uma prova do WT no calendário da ASP, escrevi em 23 de Junho de 2009 (lá está, é importante escreverem-se as coisas) o seguinte: “…não posso mais uma vez deixar de felicitar a autarquia, e principalmente o seu mais alto responsável, António José Correia…”. Se nessa altura atribuí os louros da sua vinda, e justamente, ao Presidente da Câmara Municipal de Peniche, agora, que ela, está prestes a ir-se, também tenho de os atribuir à mesma pessoa. É assim que a coisa funciona. Este desfecho, previsível, diga-se, deriva do que disse em 15 de Dezembro de 2011, no artigo Peniche, a Capital do Campeonato, e que foi isto: “…a estratégia de Peniche Capital da Onda está completamente errada do ponto de vista da sustentabilidade de Peniche como destino de surf, assentando unicamente no retorno imediato e de projeção mediática de uma ou duas entidades, de uma ou duas pessoas.” O resultado de tal estratégia, disse-o também no mesmo artigo, é que se começou a “fazer a casa pelo teto e não pelos alicerces, e é nisto, em minha opinião, que assenta a aposta no surf por parte da Câmara Municipal de Peniche, qual castelo de cartas, que se irá desmoronar ao primeiro vento mais forte...”, acrescento agora, o Casacais Trophy, é só a primeira nortada do enorme vendaval que está para chegar e que irá deitar a casa a baixo. A marca PENICHE CAPITAL DA ONDA, não serve para nada, a não ser para aparecer nas notícias, de resto ninguém lhe pega. E porquê? Porque foi mal delineada, o estudo foi mal feito, assenta nos pressupostos errados. Não sei se esta foi uma intervenção positiva, mas olhem, foi a minha, está escrita e irá ficar registada. Propositadamente, hoje, dia 20 de Fevereiro de 2013, em jeito de homenagem, o editorial será o primeiro artigo escrito sobre o Centro de Alto Rendimento (CAR) em Peniche, da autoria do meu grande amigo BERNARDO RIBEIRO COSTA, em 30 de Novembro de 2007, no então Jornal de Peniche On-line: FOMOS DROPINADOS!! Há alguns anos atrás, e não foram assim tantos quanto isso, o surf e os surfistas eram considerados um bando de maltrapilhos, ao estilo de “feios, porcos e maus” que se deslocavam nas suas carrinhas a cair de podres, não trazendo quaisquer benefícios para os locais onde se dirigiam. Felizmente, as mentalidades mudam (pelo menos algumas), e hoje em dia o surf já representa um importante meio de desenvolvimento turístico e económico para algumas regiões, como é o caso de Peniche. A nível desportivo, o surf é agora também reconhecido como tal, com uma Federação própria (Federação Portuguesa de Surf), devidamente homologada, e vários circuitos a decorrer, profissionais e amadores. O Município de Peniche e os seus dirigentes actuais viram (e muito bem!) o surf como um excelente meio de promoção da terra e como uma forma de potenciarem o seu desenvolvimento aproveitando as suas excelentes características geográficas. Vê-se e ouve-se por toda a parte o “slogan” PENICHE CAPITAL DA ONDA, seja em cartazes, panfletos, portal do Município, jantares de homenagem a antigos surfistas, entrega de galardões a surfistas e empresas do ramo em galas com toda a pompa e circunstância pelo próprio presidente da Federação Portuguesa de Surf. Até o nosso presidente da Câmara participa em aulas de surf, coisa nunca antes vista cá na terrinha. Mas só isto não chega, é preciso muito mais. O surf tem de ser encarado como um meio capaz de gerar riqueza, e consequentemente criar postos de trabalho qualificado. O caminho tem obrigatoriamente de ser este. O governo português, pródigo no marketing político, assumiu, através da sua Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, um compromisso nacional de responsabilidade partilhada, estabelecido no Congresso do Desporto, com o movimento associativo e com as autarquias, propondo-se promover um conjunto de iniciativas integradas em Medidas distintas. Comprometeu-se, assim, através da Medida 6 desta carta de intenções, promover o financiamento, a requalificação e construção, a nível nacional, de Centros de Alto Rendimento para cada modalidade desportiva, aproveitando as instalações existentes ou recorrendo a construções de raiz, mas sempre potenciando os recursos endógenos das diferentes regiões do País. Segundo o Orçamento de Estado para 2008, o governo vai investir 11 milhões de euros nestes CENTROS DE ALTO RENDIMENTO para o desporto (referida Medida 6). Podendo ler-se, com referência a esta medida, o seguinte: “Entende se que uma estratégia que visa apoiar o desporto de Alto Rendimento em Portugal não está completa sem infra-estruturas compatíveis, concebidas e vocacionadas para padrões elevados de exigência e especialização, cada vez mais imprescindíveis para a obtenção de resultados de êxito". Mais à frente, pode ainda ler-se: “Os Centros de Alto Rendimento são ainda encarados como pólos de desenvolvimento da economia, do emprego qualificado e da atracção e fixação de pessoas e empresas nessas regiões, procurando uma distribuição equilibrada pelo território nacional". Relativamente ao Surf, estão programados (ainda em fase de projecto) seis Centros de Alto Rendimento, distribuídos da seguinte forma: Viana do Castelo, Aveiro, Figueira da Foz, Sintra, Sesimbra e Vila do Bispo. Posto isto, a pergunta que se impõe é muito simples: Porque é que Peniche fica fora do Mapa do Surf em Portugal? Muito sinceramente não encontro uma resposta aceitável para justificar esta não inclusão, senão vejamos:
Por tudo o que acima foi descrito, só me lembro de uma resposta capaz de justificar esta não inclusão, e utilizando uma expressão bem conhecida de todos os surfistas: FOMOS DROPINADOS! Isto, ou é fruto de pura ignorância ou então é uma absoluta desconsideração para com o Concelho de Peniche. Espero, sinceramente, que este projecto de Centros de Alto Rendimento mereça um rápido e enérgico repúdio por parte da nossa autarquia junto do governo. Caso contrário, teremos que ir todos para a rua retirar os cartazes da Capital da Onda para os oferecermos a outros. Acho que Peniche tem que exigir um justo tratamento nesta matéria. RECTIFICAÇÃO (01-DEZ-2007): Segundo pude apurar, conforme publicado no site da Federação Portuguesa de Surf, o Orçamento de Estado de 2008 consagra uma verba total para esta área de cerca de 79 milhões de euros, face aos 72,9 milhões calculados para o ano que agora finda. Sobre esta matéria, que considero particularmente sensível no que concerne ao desenvolvimento de Peniche, solicitei esclarecimentos junto da FPS acerca da proposta de Centros de Alto Rendimento para Surf ainda em estudo. Ou seja, agrava-se a dimensão do problema que, no essencial, se mantém sem explicação plausível. Começou 2013, e este é o primeiro editorial do ano. Comecemos então pelo que normalmente fazemos no fim, ultrapassámos a marca das cento e cinquenta mil visitas, mais precisamente cento e cinquenta mil setecentas e cinquenta e quatro, isto, cinco dias antes de completarmos o ano e meio de vida. É bom sentirmos que o surf em Peniche interessa, é bom sentirmos que o surf em Peniche desperta interesse, é bom sentirmos que aquilo que juntamente com os nossos colaboradores vamos transmitindo é seguido por tanta gente. Dá-nos ânimo para continuar e tentar melhorar.
Logicamente existem assuntos mais e menos polémicos, assuntos que serão mais do agrado de uns do que de outros, mas ao fim e ao cabo, é esta diversidade de opiniões, que levará o surf em Peniche e tudo o que o rodeia, a um patamar melhor do que aquele em que se encontra, pelo menos assim o esperamos, e é com esse objetivo que o Peniche Surf News existe. O surf em Peniche, se quer crescer de forma sustentada e equilibrada tem que ter como principal virtude a união entre os surfistas locais, já aqui o dissemos, e voltamos propositadamente a este assunto neste primeiro editorial de 2013. Recentemente os surfistas de Peniche mostraram outra vez uma pálida imagem da sua união, ao não conseguirem consertar esforços em torno de um objetivo comum, eleger um dos seus no processo de votação para um evento que por cá se irá realizar, bastando para isso gastar apenas um minuto e votar. Muitos não o fizeram, pois se o tivessem feito ele estaria lá. Não se pense no entanto que foram os únicos, pois também houve, de entre aqueles que promovem e se promovem à custa do surf penicheiro, quem não o fizesse. Enquanto não nos unirmos, e não mostrarmos que estamos todos juntos, e que todos juntos conseguimos eleger um dos nossos contra todos os interesses instalados neste mundo, que é o surf em Portugal, a imagem que transmitimos, é e será sempre bastante pálida. Estivemos tão perto de o conseguir… Juntos, unidos, é a única forma de mostrarmos que ser surfista de Peniche é diferente de ser surfista de outro lugar qualquer… porquê? Porque unidos somos melhores… Boas ondas Mais um editorial, o último deste “annus horribilis”. Estamos em época natalícia, o amor está no ar, vamos pelo menos por aqui, acabar o ano, como diria o outro, “felizes e contentes”, com o que de bom o surf penicheiro nos deu em 2012. Vai ser um editorial virado, como agora está na moda, para a intervenção positiva, cheio de boas vibrações. Hoje só interessam as coisas boas, o resto ficará para depois, lá para 2013. Assim, houve meia-dúzia de acontecimentos que podemos destacar:
Foi um ano 'surfístico' para Peniche que podemos considerar de positivo, e obviamente, endereçar os parabéns a todos aqueles que o proporcionaram, de um modo ou de outro. Falando agora um pouco dos números do Peniche Surf News, no ano que agora está a terminar, publicámos até ao momento, cento e noventa e duas notícias, vinte e um artigos de opinião, dez histórias, seis estórias, e contando com este, doze editoriais, o que perfaz duzentos e quarenta e um escritos sobre o surf em Peniche. Uma palavra a todos aqueles que tem colaborado neste Peniche Surf News, seja com textos, com imagens, com informações sobre os campeonatos, viagens, material de consulta, etc, etc, etc… um muito obrigado a todos, pois sem a sua preciosa colaboração este espaço era sem dúvida muito mais pobre. Quanto a visitas, é com alguma surpresa que temos assistido a números tão generosos, e que nunca pensámos atingir quando iniciámos este projeto, e neste momento, a pouco menos de dois meses de atingirmos o ano e meio de idade, já são mais de cento e trinta e quatro mil. Muito obrigado a todos. Boas Ondas, Feliz Natal, e se nos deixarem, Próspero Ano Novo… O editorial deste mês é um texto que me está a custar escrever. É cada vez mais evidente que o surf está a ser dominado e conspurcado por interesses politico-economicistas. Era algo previsível que acontecesse mal estes senhores vissem que havia aqui um novo filão. A técnica usada não é nova, e vem em todos os manuais de política barata. Do latim “Divide et impera”, nasce o ancestral “Dividir para reinar”, que consiste em estimular diferenças e discórdias no seio de um grupo, que coletivamente pode ser capaz de se opor ao seu governo. Obviamente que com os tempos esta técnica tem vindo a ser apurada, e hoje em dia existem técnicas associadas, nomeadamente de subtileza que ajudam a disfarçar o objetivo da primeira, e nestes casos o uso da imprensa é crucial. Deixemo-nos de filosofias baratas, e vamos a casos concretos. Nesta última semana, alguns locais de Peniche insurgiram-se quanto ao modo desleixado e irresponsável como os organizadores do Rip Curl Pro promoveram a desmontagem e limpeza da Praia dos Supertubos, e isso aconteceu de três maneiras diferentes: Divulgação de fotografias nas redes sociais, um texto escrito neste “sitio” e colocação de uma montagem fotográfica em vídeo no “youtube”. Foi o “ai Jesus”, pois a coisa começou a ganhar dimensão, e estava a começar a por em causa a imagem, não de Peniche, como quiseram fazer crer, mas sim de algumas pessoas e instituições, e esse é que foi problema. Ao verem exposto aos olhos do mundo o que não fizeram em tempo útil e deveriam ter feito, em vez de assumirem a sua quota-parte de responsabilidade no sucedido, optaram então pela técnica acima referida, usando todos os meios ao seu dispor para inverter o ónus do problema, ou seja, passar a mensagem que o prejudicial era a denuncia publica da situação, e não a situação em si, e começou logo por pequenos recados em comentários nas redes sociais, tais como, e passo a citar: “…O responsável deste Post (eu) poderia ter enviado este seu registo para a CMP…” e “…a pessoa que apresentou este Post (eu) poderia ter feito chegar esta sua preocupação para a CMP e dessa forma dava uma boa colaboração…” (só a nível de curiosidade, estes dois comentários foram feitos pela mesma pessoa no mesmo sítio), como se a Câmara não tivesse essa obrigação. No entanto, e rapidamente perceberam que só assim não iam lá, pois aqui há felizmente a possibilidade de resposta, no mesmo nível de exposição. Então, o passo seguinte era colocar notícias na imprensa especializada, fazendo uso dos contactos privilegiados que possuem, para dar continuidade à técnica já em marcha, pois aí, como facilmente se compreenderá a única possibilidade é comentar, e a exposição mediática de uma notícia e de um comentário a essa notícia é completamente díspar. Mais, nas próprias notícias, a mistura propositada dos assuntos, leva a que mais uma vez o foco do principal problema seja completamente desvirtuado, e para que se perceba, a questão tem três itens: 1º - Desmontagem das coberturas; 2º - Desmontagem das estruturas de base; 3º - Destruição das dunas Nas referidas notícias, é por demais evidente a mistura dos dois primeiros itens, e a semi-omissão relativamente ao terceiro, e com isso começaram a criar uma imagem destorcida do problema principal e da sua resolução, dando assim a volta à questão, lá está, mais uma vez a ancestral técnica a funcionar, ainda para mais quando só um lado tem possibilidade de ter este destaque na imprensa. Para que se perceba bem, o lixo que se via na praia era obviamente relativo ao primeiro item, o da desmontagem das coberturas, e não da desmontagem das estruturas base, claro que não eram ferros nem andaimes que lá estavam espalhados pela praia, eram na sua maioria bocados de plástico, alcatifas, braçadeiras plásticas,…, e isto deveria ter sido imediatamente retirado aquando da desmontagem das coberturas, não era preciso esperar pela desmontagem das estruturas de base para o fazer, como tentaram passar a mensagem com as referidas notícias. O grau de intensidade colocado na descredibilização de quem teve a coragem de denunciar o assunto foi tal, que em alguns “sites” da especialidade estavam a sair notícias às nove da noite. Foram tornados públicos pareceres de entidades ambientais, de uma página, sim, uma página, com cinco parágrafos, em que os dois primeiros e o último não falam da questão em concreto, ou seja o parecer resume-se a dois parágrafos. Como é que é possível que um parecer sobre um evento daquela dimensão se resuma a dois parágrafos. Enfim… era o vale tudo. A questão da destruição da duna foi completamente omitida no tal parecer, é no mínimo estranho para uma entidade de defesa ambiental. Aliás, esta questão foi recorrentemente passada para segundo plano nas notícias que foram saindo na tal imprensa especializada, onde o foco foi sempre colocado na questão do lixo, o que não é de admirar, pois é o problema mais facilmente justificável e de resolução mais célere. A exceção é feita na descrição dos procedimentos de minimização de impacte ambiental com a montagem/desmontagem das estruturas. Muito bem, agora o que não disseram e deveriam ter dito é que não se vai para cima de uma duna com máquinas pesadas, só porque depois há um procedimento de “reposição das condições iniciais do coberto vegetal”, seja lá isso o que for, principalmente porque aquando da montagem não o fizeram com a displicência com que o fizeram na desmontagem, essa é que é a grande questão. Já que no ano passado não vi na tal imprensa especializada quaisquer pareceres e/ou relatórios de entidades ambientais sobre estes impactes, era no mínimo interessante saber, em primeiro lugar se houveram, e se sim, quais as recomendações feitas na altura, e se realmente elas foram tidas em conta este ano, nomeadamente sobre esta questão das dunas e das “pick-ups” a andarem para tás e para a frente, em muitos dos casos só com pessoas lá dentro. Para terminar, gostava que isto ficasse bastante claro, e não aceito que me venham com a conversa da intervenção positiva, expressão que me faz sentir sempre o peso da pressão, que é o seguinte: o mal não foi denunciar a situação, o mal foi, quem devia ter feito as coisas bem não as fez. Resumindo, a imagem de Peniche não fica fragilizada por haver pessoas que digam que a Praia dos Supertubos ficou durante mais dias do que devia imunda e com dunas destruídas, a imagem de Peniche fica fragilizada é por a Praia dos Supertubos ter ficado durante mais dias do que devia imunda e com dunas destruídas. É esta a grande diferença, e foi isto que aquela campanha assente na técnica “Divide et impera” pretendeu fazer, e isso, eu não aceito. Só para terminar, e a título de curiosidade, pelo segundo mês consecutivo batemos o recorde de visitantes, e entre 26/9 e 25/10 foram precisamente 14.200. Obrigado a todos. BOAS ONDAS Desde 2009 que Outubro em Peniche, é sinónimo de Rip Curl Pro, e logo, dos melhores surfistas do planeta chegarem, e mostrarem aquilo de que são capazes numa das melhores ondas do mundo. É um privilégio que há uns anos atrás, muitos como eu, que vivem esta paixão pelo surf, só podiam aspirar ver à distância, hoje temo-los aqui bem perto, ao vivo e a cores. Estimam-se 160 mil pessoas em Peniche durante este evento, não sei se estes números correspondem à realidade, ou se há aqui também um cunho de “marketing” político, mas isso serão outras questões, pois se não forem 160 mil, serão 100 mil, ou qualquer outro número próximo destes. Com toda a certeza serão muitos, e isso é o mais importante. Este Rip Curl Pro de 2012 para além de tudo o resto, proporcionou algo de muito positivo para a afirmação e reconhecimento do surf penicheiro, a integração do clube local na estrutura do evento, com um sem número de iniciativas conjuntas que trarão frutos no futuro, em que o exemplo mais visível será porventura o “Trials of the Trials”, evento organizado pelo clube e que permitiu uma relação direta ao evento principal, algo nunca antes feito em Portugal. A fasquia da qualidade ficou bem alta com o evento de 2011, e este ano a coisa está um bocadinho mais difícil de gerir, mas desenganem-se aqueles que já andam para aí com um sorriso dissimulado na carinha, pois isto ainda não acabou… os meninos já foram para casa, e está na altura dos homens medirem forças com a besta… Boas Ondas… |
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