Escrito por: José Miguel Nunes “A imprensa, nomeadamente a imprensa especializada e os outros média, incluindo os modernos meios de comunicação eletrónica, devem fornecer informação honesta e equilibrada sobre os acontecimentos e situações suscetíveis de influir na frequência turística (…)” – Artigo 3, nº1 do Código Mundial de Ética no Turismo Desde 2009 que passa por Peniche o principal circuito mundial de surf, primeiro como evento especial, e a partir de 2010 como prova fixa do calendário. Aconteceram portanto sete edições e foram feitos quatro estudos, mais precisamente sobre os anos de 2010, 2012, 2013 e 2015. No passado dia 21 de Março, foi promovida pela Câmara Municipal de Peniche (CMP), com toda a pompa e circunstância na Fortaleza de Peniche, a conferência de imprensa para apresentação do ESTUDO DO IMPACTO DO MOCHE RIP CURL PRO PORTUGAL 2015. Nos dias seguintes não houve órgão de comunicação social tanto de âmbito nacional como regional que não se referisse à mesma. Que bom. Achei no entanto deveras enfadonho ler precisamente a mesma coisa em todos eles, ou seja, a única coisa a que se referiram de um relatório de 25 páginas em formato A4, foi à última célula da última coluna do quadro 9 da página 21 do mesmo. Até parecia “copy paste”. Das duas uma, ou ninguém leu o relatório e limitaram-se a seguir as informações veiculadas, se existir, pelo gabinete de imprensa da CMP, ou por quem o substitua, ou então, efetivamente o relatório nada mais tinha de interesse que não esse quadro 9 da página 21. Rejeito por completo a segunda hipótese, o que me leva a concluir relativamente à primeira quatro coisas: (1) os estudos encomendados têm apenas um único objetivo, o interesse mediático; (2) a dependência relativamente às comunicações veiculadas deixam transparecer a fraca qualidade jornalística existente; (3) a informação que chega ao público em geral via imprensa vem ferida de interesses e (4) a filtragem informativa nas comunicações veiculadas demostram uma enorme falta de respeito pelo trabalho dos investigadores. Se continuarmos a olhar apenas para a última célula dos quadros 9 das páginas 21 destes estudos, muito dificilmente planearemos a atividade turística de surf de modo sustentável para um período mais abrangente que não apenas o do ciclo politico. Se continuarmos a olhar apenas para a última célula dos quadros 9 das páginas 21 destes estudos, muito dificilmente perceberemos o que efetivamente teremos de mudar para tornar este segmento turístico como uma atividade efetivamente duradoura e sustentável. Se continuarmos a olhar apenas para a última célula dos quadros 9 das páginas 21 destes estudos, continuamos unicamente a promover os egos de alguns e os interesses económicos de outros, poucos, enturmados que estão no lóbi do surf nacional, que pouco ou nada lhes interessa os benefícios que um evento desta magnitude representa para a economia local da região onde efetivamente este acontece. Como resultado, as parangonas gordas da imprensa sobre este assunto a única coisa a que se reportaram foi provavelmente ao item que nesta fase menos interesse terá, uma vez que os três estudos anteriores já refletiram sobejamente sobre ele, os mediáticos 10 milhões indicados na última célula do quadro 9 da página 21. É necessário evoluir, é necessário avançar, é necessário pelo menos olhar atentamente para os diversos itens que permitiram chegar a tal resultado, mas mais importante, é necessário olhar para todos os outros aspetos estudados e refletidos no mesmo relatório, para assim pelo menos tentar cumprir o disposto no artigo inicialmente referido neste texto. Assim, continua a “chover no molhado”… é pena…
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Dezembro 2016
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