Escrito por: José Miguel Nunes Comecei a ler sobre surf quase desde que comecei a fazer surf, e já lá vão mais de trinta anos. Primeiro pelas inevitáveis revistas de surf, a que se seguiram os livros e por fim os inesgotáveis recursos que a internet nos proporciona. Nos finais dos anos oitenta apareceram as primeiras revistas de surf portuguesas, a Surf Portugal e a Surf Magazine, ambas já desaparecidas. Antes disso lia a Fluir e a Visual, vindas do outro lado do atlântico, também estas já desaparecidas. Chegavam ao Mário Bandeira com seis meses de atraso. Não interessava, devorava tudo sobre os campeonatos, via e revia vezes sem conta as fotos dos meus ídolos em Pipeline, Waimea, Sunset, Margaret River, Bells Beach, Jeffreys Bay, … Decalcava os logos das marcas de surf em papel autocolante para colar na prancha. Recortava as fotos para forrar os livros da escola. Cobria as paredes do quarto com os “posters” que todas traziam nas páginas do meio. Lia também algumas Surfer’s e Surfing’s. Essas eram os bifes que as traziam. Algumas delas já não completas, e muitas delas com muito mais de seis meses, mas isso pouco interessava. Os anos noventa mudam tudo, temos as nossas revistas em plena atividade, as outras começam a chegar a “tempo e horas”, e até os campeonatos e os nossos ídolos começam a passar por cá. A informação está então muito mais disponível, e com a chegada da internet tudo avança a uma velocidade supersónica. A imprensa em papel perde algum fulgor, mas em contrapartida a digital ganha contornos dantescos. Aparecem meios de comunicação exclusivamente digitais, os tradicionais adaptam-se e migram conteúdos para o digital, os blogues ganham expressão. Chegámos ao ponto em que toda a gente escreve e fala sobre o surf em Peniche. Peniche e as suas condições de excelência para esta actividade começam a ter importância estratégica, começam a fazer parte de diversas agendas, tanto económicas como políticas. Curiosamente, ou não, ninguém escreve nem fala sobre os surfistas de Peniche. Os surfistas de Peniche não tinham um espaço onde se falasse deles, os surfistas de Peniche não tinham um espaço onde os seus feitos fossem divulgados, os surfistas de Peniche não tinham um espaço em que pudessem dar voz aos seus anseios, os surfistas de Peniche não tinham um espaço onde pudessem opinar, os surfistas de Peniche não tinham um espaço onde pudessem falar do surf em Peniche. Os surfistas de Peniche não interessavam a quem tanto se interessava pelo surf em Peniche. Decido em 2011 dar o meu contributo para tentar reverter esta tendência, ainda que com a perfeita noção da escala diminuta que representava, e crio o PENICHE SURF NEWS. Foram mais de dois mil artigos, desde simples notícias sobre campeonatos e resultados, passando por artigos de opinião, uns mais elaborados que outros, uns mais técnicos que outros, história e estórias, crónicas de viagens e até algum humor com caricaturas e banda desenhada. Na vida tudo tem um fim, e o PENICHE SURF NEWS não é exceção, chegou também a sua hora. Termina com a firme convicção que cumpriu o seu propósito, falou e fez falar dos surfistas de Peniche, falou e fez falar do surf em Peniche na perspetiva dos surfistas de Peniche. Deixar uma palavra a todos aqueles que de alguma forma colaboraram neste projecto: JOÃO PAULO JORGE, LUÍS ALMEIDA, LISA MARQUES, PAULO FERREIRA, EDGAR HENRIQUES, NUNO CATIVO, LUÍS MATOS, JOÃO ROSADO, MARCO GONÇALVES, ANTÓNIO RODRIGUES, NUNO BALTAZAR, PEDRO DIAS, SILVANO LOURENÇO, DANIEL FONSECA, e GUILHERME FONSECA. Muito obrigado. Àqueles que nos leram ao longo destes anos, um enorme agradecimento, pois foi também para eles e por eles que o PENICHE SURF NEWS existiu. Foi um enorme desafio, mas acima de tudo foi um orgulho escrever sobre o surf em Peniche e os seus surfistas, e por isso não direi adeus, mas até já… com a convicção que outros projectos surgirão e outras formas de se falar do surf em Peniche e dos seus surfistas acontecerão. BOAS ONDAS
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Dezembro 2016
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