Se no último editorial o focus do texto eram os surfistas de Peniche e a sua atitude, como resposta a alguns atropelos a que tem sido sujeitos ao longo destes anos por parte de algumas pessoas e instituições, neste, vamos “sair um pouco da praia”. Em Novembro de 2011, como o Peniche Surf News teve oportunidade de noticiar, foram apresentados pela primeira vez no Congresso Internacional de Turismo (ITC) que se realiza anualmente na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), dois “papers” que tinham como tema o surf, e escrevi na altura o seguinte: “É com uma pontinha de orgulho que vejo o surf ultrapassar mais um degrau importante nesta sua escalada de afirmação como algo importante para a sociedade, pois é algo pelo qual me tenho batido ao longo dos anos, e finalmente começa a acontecer em várias áreas de intervenção, nomeadamente na turística.” Ontem dia 10 de abril de 2012, foi dado mais um passo importante. Foi apresentada pela primeira vez em Peniche e na ESTM, uma dissertação de mestrado cujo âmbito de estudo foi precisamente o surf, o surf em Peniche. Num anfiteatro repleto, e isto é um pormenor importante, pois não sendo usual acontecer, é um indicador do interesse que esta matéria começa a despertar na comunidade académica e cientifica, cerca de uma centena de pessoas assistiram à palestra, da agora, Mestre em Gestão e Sustentabilidade no Turismo, Patrícia Reis, penicheira de gema, sobre “Turismo de Surf: Segmentação pela motivação e escolha de um destino”. Com um júri de três elementos, composto pelos Professores Doutores António Sérgio Araújo (Presidente), João Paulo Jorge (Orientador), ambos docentes no Instituto Politécnico de Leira, e Manuel Salgado (Arguente), docente no Instituto Politécnico da Guarda, este trabalho de cento e cinco páginas, oferece-nos dados bastante relevantes para percebermos a importância que o surf poderá ter para o desenvolvimento turístico de Peniche. Retivemos desta breve apresentação de vinte minutos, que Peniche pode continuar a promover-se como Capital da Onda, podendo o surf servir de âncora para o desenvolvimento económico do concelho, não esquecendo no entanto que o principal atributo, e elemento diferenciador, para que isso possa acontecer, de um modo sustentável, é que exista efetivamente em Peniche um “ambiente e cultura de surf”, pois como refere, e bem, Patrícia Reis, “o surf é muito mais que um desporto”, o “surf é cultura, é um estilo de vida”. Este foi o primeiro, de muitos estudos que se espera, venham a acontecer relativamente ao surf em Peniche, este foi o estudo que “abriu as portas” ao surf como matéria de importância relevante no que ao turismo em Peniche diz respeito. O surf em Peniche entrou definitivamente na onda do estudo científico, e isso é algo extremamente importante, pois permite tomar decisões consubstanciadas em dados cientificamente estudados e comprovados. Não quero terminar sem endereçar à Patricia Reis os meus mais sinceros parabéns pelo excelente trabalho que realizou, mas acima de tudo pela concretização de mais este objetivo na sua vida.
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Dezembro 2016
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