Escrito por: Paulo Ferreira Tenho acompanhado a evolução do Surf em Portugal enquanto desporto organizado, fazendo há largos anos parte integrante do movimento associativo, e nunca como agora, este desporto teve tanta visibilidade e tanto impacto na nossa economia. O Surf é hoje um produto sexy, em que algumas das maiores empresas nacionais investem alguns dos recursos disponíveis para patrocínios e publicidade, pois sabem que têm um retorno superior aos tradicionais eventos onde têm estado envolvidas. Estes apoios são extremamente importantes, dado que algumas das big ones especializadas neste desporto atravessam graves dificuldades, lutando pela sua sobrevivência. A entrada de novos players poderá ter, no entanto, efeitos perversos, pois desvirtualiza aquilo que realmente é importante e que está intimamente relacionado com a cultura do surf, que é o facto de os eventos se realizarem em locais referenciados para proporcionarem boas ondas aos competidores e espetáculo garantido para quem assiste. Veja-se os exemplos recentes, mas este assunto já foi amplamente debatido. A Federação Portuguesa de Surf tem tido, desde a sua fundação em 1989, um percurso sinuoso e que infelizmente raramente acompanhou a evolução das modalidades que representa. Chegamos a uma situação tal, que no corrente ano, nem as competições que envolvem a formação dos jovens atletas, como o caso dos circuitos nacionais de esperanças são apoiados pela estrutura federativa, por falta de patrocínios. Dos projetos dos Centros de Alto Rendimento (CAR), apenas aquele que não estava incluído na listagem inicial e oficial da FPS, o de Peniche, tem alguma atividade e está pronto a funcionar. No relatório referente a 2012, apenas é dedicado um pequeno parágrafo sobre este que é, provavelmente, um dos temas mais quentes da atualidade. Estão criadas associações de representação de classe, como a dos surfistas, dos bodyboarders, dos juízes, dos treinadores, mas em minha opinião não é promovida, nem existe articulação entre elas, sendo esta promoção da responsabilidade da FPS. Anunciam-se alterações aos estatutos, mas não foram dadas a conhecer aos federados, o que impede os interessados de efetuarem uma análise prévia para poderem emitir uma opinião fundamentada, votarem de plena consciência ou em boa verdade poderem contribuir de forma positiva para essa alteração estatutária. Hoje mesmo decorre a gala anual da federação, mas os clubes, pelo menos alguns, não foram convidados para a gala que celebra o movimento federativo e associativo em Portugal. Sabemos que existem restrições orçamentais, mas isso não impede de enviar um convite para os clubes e que quem quisesse participar teria de pagar. No limite um e-mail a informar os clubes que a gala se iria realizar e qual o programa. Faço notar que quando refiro neste texto que os clubes não foram informados, convidados, etc, estou a assumir que como o PPSC não foi informado, convidado, etc, os outros também o não foram. Em ano de eleições marcadas fora de prazo, pois a direção vai entrar em funções no segundo quadrimestre do ano, o atual presidente anuncia a sua não recandidatura, em minha opinião demasiado tarde, mas mesmo assim com alguma margem para que rapidamente surgissem as candidaturas que já andavam a ser preparadas. Apresenta-se apenas uma lista para o sufrágio de dia 28 do corrente. Todo este secretismo que se gerou, com candidatos a candidatos, que no final nunca o foram, o “vou-não vou”, o “não sei de nada, mas quando souber digo” e por aí fora, só revelou uma falta de respeito para com a FPS enquanto instituição e com todos os seus federados. Afinal do que é que as pessoas têm medo? Em relação à lista que se apresenta a votos, a expectativa é grande e as pessoas que conheço, julgo serem bons profissionais. Não posso deixar de estranhar, que pouco ou nada se saiba do programa da lista para o próximo mandato. Pessoalmente tenho algumas dúvidas, e as pessoas com quem já tive oportunidade de falar sobre este assunto, incluindo membros de direções de clubes, pouco ou nada sabem de forma a me esclarecerem, o que é estranho, pois os clubes são a base do desporto e pilar fundamental das federações. Seria importante que ainda antes das eleições, fosse divulgado o que pensam os futuros responsáveis da FPS quanto a temas prioritários, como por exemplo a questão dos CAR, formação, circuitos nacionais, seleções, relacionamento com as associações de classes, fenómeno do crescimento exponencial das escolas de surf e surfcamps, modelo organizativo, estratégia, etc, etc, etc. Enfim qual o plano, qual o programa. É que se assim não for, e se só no dia 28 for apresentado, não haverá tempo para esclarecer todas estas questões. Levanto estas dúvidas com o devido respeito pelos candidatos, mas normalmente quando existem listas únicas, as linhas programáticas tendem a ser vagas e generalistas, com poucos compromissos assumidos. Poderão alegar que o segredo é a alma do negócio, e que haveria necessidade de as coisas serem assim, mas essa justificação, neste caso concreto não é válida. Não deveriam estar já a contactar com os clubes e outros federados? Urge que seja cabalmente esclarecida por quem de direito, a questão da empresa Natural Factor, que está refletida nas contas da FPS, pois existe algum ruído em relação a esta questão, prejudicando a imagem dos envolvidos. Um dos principais visados desta “conversa de alcatifa” é candidato a um dos órgãos federativos. Esta é a minha opinião pessoal, e não vincula em nada a posição do clube do qual sou dirigente, relativamente a estas matérias.
4 Comentários
Edgar Henriques
26/4/2013 04:47:43
Excelente artigo, parabéns ao Paulo Ferreira.
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Paulo Ferreira
26/4/2013 15:29:21
Obrigado Edgar.
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Artur Cardoso Ferreira
26/4/2013 08:08:11
Paulo,
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Paulo Ferreira
27/4/2013 04:29:13
Boas Artur.
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