Escrito por: José Miguel Nunes Há uns dias atrás tive conhecimento de um episódio que considero bastante preocupante, e que é algo que reflete a completa anarquia em que os negócios do surf se encontram em Portugal, e particularmente em Peniche. Imagine o seguinte cenário, tirou uns dias de férias, ou um fim-de-semana para ir à praia. Os factores climáticos conjugam-se, o sol brilha, o mar está calmo e até rebentam umas ondinhas que proporcionam umas carreirinhas, seja nos famosos colchões, nas não menos famosas pranchas de bodyboard dos chineses ou apenas com o corpo, o agora tão na moda “bodysurfing”. Naturalmente as idas à água apetecem e, a brincadeira com os filhos acontece. Um ambiente tipicamente de verão. Imagine ainda que vê chegar à praia onde se encontra, uma escola de surf com os seus alunos. Lá vêm eles todos em fila, de camisinha de licra colorida enfiada e pranchinha na mão. Invadem a zona, precisamente a zona onde está nas brincadeiras aquáticas com os seus filhos. Imagine agora que o instrutor/treinador/responsável da tal escola, lhe pede a si e aos seus filhos para saírem daquela zona que ele quer dar aula aos seus pupilos. Pois é!!! O impensável aconteceu, foi há uns dias na minha praia de infância, no Molhe Leste. Houve inclusivamente quem se deslocasse junto dos nadadores-salvadores para saber se poderiam tomar alguma posição sobre o assunto, ao que estes responderam, e bem, que aquela zona já não estava dentro da concessão, e por isso não tinham legitimidade para intervir. O senhor acabou por levar a sua avante e deu a aulinha, expulsando literalmente da área quem por ali se tentava acercar. Este rocambolesco episódio, tendencialmente mais usual nas nossas praias, não foi por mim presenciado (ainda bem), foi-me transmitido por alguns amigos que estavam na praia nesse dia. Tenho sérias reservas que alguém me conseguisse tirar da água ou mandasse a minha filha sair da água nas condições descritas. Se continuarmos a assobiar para o lado e só nos interessarmos pelo mediatismo que os números do surf provocam nas gordas da imprensa, eximiamente explorados e trabalhados pela classe política, prevêem-se para o futuro graves consequências que atitudes como esta provocam, com implicações inevitáveis para a imagem de Peniche como destino turístico, até mesmo de surf.
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Dezembro 2016
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