O editorial do passado mês intitulava-se “The dark side…”, e refletia um episódio por mim presenciado de uma das negras facetas do surf. Este, nem sei bem como o devo intitular. Durante o passado mês de Abril, foram por aqui publicados dois artigos de opinião, um da autoria de Edgar Henriques, no dia 19, e outro de Paulo Ferreira, no dia 26, onde eram abordados assuntos de importante relevância quanto à Federação Portuguesa de Surf, tendo como pano de fundo o acto eleitoral que se iria realizar dia 28. Tenho perfeita consciência que este meu “blog/site”, como lhe queiram chamar, que se dedica quase em exclusivo a assuntos de surf em Peniche, é completamente insignificante no meio, sem a visibilidade das bíblias, corões, salvadores e outros, do surf em Portugal. Como ao longo deste tempo não consegui descortinar um único artigo de opinião sobre este assunto nos tais gigantes da imprensa nacional especializada, achei que tinha alguma relevância partilhar as opiniões de duas pessoas, que para além de fazerem parte de um clube de surf, nada mais têm a ver com os negócios do surf, o que é raro nos tempos que correm. Dentro das minhas possibilidades, fi-lo o mais possível, principalmente nas redes sociais, onde os principais “players” desta modalidade são presença assídua, na tentativa de obter reações, áquilo que penso ser, dos assuntos mais importantes do ano deste nosso desporto, a eleição de quem nos irá dirigir nos próximos tempos. Fiquei desiludido com a letargia que se vive no meio, as pessoas já não opinam, não querem saber, não interessa. O importante é a foto do não sei quantos na Indonésia, ou o vídeo do outro a ser puxado pelo carro do lixo em cima de uma prancha de surf, isso é que importa, é “likes” e comentários à fartazana, agora assuntos relativos à eleição da futura direção da Federação Portuguesa de Surf, para que é que isso importa. É este o país (com letra minúscula propositadamente) em que estamos, onde já ninguém quer saber, e devido a esta aparente apatia, permitimos que quem se movimenta nos meios de influência faça tudo e mais alguma coisa com o sentimento de impunidade, pois ninguém pergunta, ninguém afronta. Como é possível que numa Gala da Federação Portuguesa de Surf se tenha homenageado alguém, que foi sócio-gerente de uma empresa, com a qual a própria federação teve, ou tem (ainda ninguém o esclareceu cabalmente), um assunto pendente, inclusivamente refletido nas contas da própria federação. Como é possível que essa mesma pessoa, seja agora eleita na lista recentemente vencedora, para os órgãos sociais da Federação Portuguesa de Surf, reforço, sem que ninguém o tenha esclarecido cabalmente. Será ousadia de mais levantar esta questão, pergunto, não haverá aqui pelo menos um conflito de interesses. Tinha a esperança, talvez ingénua, que o surf, regido por surfistas, enveredasse por um rumo diferente daquele a que estamos habituados a ver relativamente à maioria das atividades neste país. Tinha a esperança, talvez ingénua, que a irreverencia própria do surf, servisse para não embarcar nestes jogos “lobísticos” em que uma mão lava a outra, a que estamos habituados a ver relativamente à maioria das atividades neste país. O exemplo deve vir de cima, e neste caso, em minha opinião não veio, mas a isso também já nós estamos habituados. Gostaria de terminar, esclarecendo que este meu desabafo, nada tem de pessoal, mas apenas e só, o constatar com tristeza, que a federação que rege o meu desporto, segue a mesma lógica de funcionamento a que este país e seus dirigentes nos têm habituado. Aqui sim, o exemplo veio de cima…
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Dezembro 2016
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