Escrito por: Edgar Henriques Atualmente os “Media” dão um grande destaque ao conceito “Sustentabilidade”, quase sempre associado ao Desenvolvimento Sustentável. Este conceito pode ser sintetizado da seguinte forma: Compatibilização das infraestruturas e das atividades humanas com o ambiente e os seus processos naturais, de forma a não exceder os limites da capacidade de regeneração dos recursos naturais, não excedendo as capacidades, de carga e de assimilação do meio. Segundo o Relatório da Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, 1987 – Relatório Brunddtland), que descreve Desenvolvimento Sustentável “é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade e as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” Podemos interrogar-nos se o Desporto deve ou não fazer parte deste processo e de que forma pode intervir positivamente na procura do equilíbrio ambiental e consequentemente contribuir para uma melhoria da sustentabilidade. O Desenvolvimento Sustentável do Desporto, tem gerado muita controvérsia ao nível dos conceitos, mas deverá ser realizada uma reflexão para que se possa chegar a um entendimentos conclusivo sobre esta matéria. Segundo Da Costa (1997), “ promover uma sociedade sustentável é prever o desenvolvimento e a proteção ambiental como forças complementares, mais do que antagónicas, o que significa criar padrões de desenvolvimento de acordo com as necessidades e limitações da natureza”. No que respeita ao desporto este autor afirma “ que desporto sustentável será quando a sua materialização respeitar os valores intrínsecos da natureza e dele próprio”. Ao longo dos tempos, tem aumentado o numero de trabalhos de investigação sobre esta temática, alguns apontam para resultados na assunção de compromissos, por parte das entidades envolvidas no fenómeno desportivo, sendo que estas visam a normalização da produção e consumos desportivos, tendo em conta a harmonia com a natureza e sem risco de danos ecológicos. A Agenda 21 do Movimento Olímpico – Desenvolvimento Sustentável do Desporto, aprovada pelo COI, estabelece princípios de sustentabilidade aplicados ao desporto, bem como um quadro para sua implementação. Este quadro normativo não se limita ao desporto olímpico, os seu propósitos são extensíveis a todo o fenómeno desportivo, pelo que solicita o envolvimento de todos, Movimento Olímpico, Federações, Clubes, Organismos Governamentais, Organismos Não Governamentais, Empresas e Pessoas Singulares, no sentido de integrarem o desenvolvimento sustentável nas suas politicas e atividades. No sentido de contribuir para esta nobre causa, muitas Federações Desportivas Internacionais tem vindo a definir políticas ambientais, programas e códigos de conduta extensíveis a praticantes e organizadores de eventos das modalidades que tutelam. Paralelamente tem surgido outras organizações cuja missão é contribuir para o desenvolvimento sustentável do desporto, através do planeamento, aconselhamento e credenciação no âmbito de programas de gestão e educação ambientais. Em Portugal no que diz respeito ás questões ambientais ligadas ao Surf é muito bem representado pela Organização Não Governamental S.O.S. Salvem O Surf. Chernuscenko (1994 e 2011), enumera um conjunto de princípios assumidos na sociedade moderna, que considera constituir uma base para a instituição de um modelo de desporto mais sustentável: Com base neste princípios e eventualmente outros, só poderá surgir uma nova ecologia do desporto, se de facto forem assumidos por todos compromissos que resultem na implementação de medidas objetivas de proteção ambiental.
Segundo o que foi escrito e com base em estudos sobre a matéria, é incontornável dissociar o surf deste contexto, ele integra ativamente o processo, senão veja o seguinte: O Meio Ambiente e a Natureza são utilizados, a nível dos seus recursos naturais sob múltiplas formas neste procedimento, pois as atividades económicas ligas ao surf tiram benefícios da natureza ao nível da provisão de matérias-primas, e também para suporte das atividades que desenvolvem, não esquecendo os resíduos e a poluição que provocam. Podemos afirmar que o Surf pode causar impactes ambientais no seu processo de desenvolvimento, facto este poderá ter como alicerce o aumento de praticantes da modalidade, a mediatização dos eventos, este acréscimo leva a que o processo seja mais acelerado e os seus efeitos negativos surjam em diversas direções. O crescimento do surf aumenta as necessidades em equipamentos técnicos, que leva a um aumento da produção industrial, que significa um aumento da poluição e um elevado gasto de recursos naturais. Não podemos também esquecer que o aumento de praticantes e público que acompanha os eventos da modalidade causam desequilíbrios no meio ambiente. Estas pessoas ligadas ao fenómeno do surf, invadem as praias e criam situações de impacte ambiental negativas a nível dos ecossistemas, nomeadamente na produção de resíduos (lixo), erosão dos solos (dunas e arribas), a flora também sofre distúrbios, sendo que a fauna também pode afetada neste processo. Eu sei, que este tema pode gerar controvérsia, pois na generalidade quase todos os surfistas se auto intitulam de “Ambientalistas ou Amigos do Ambiente”, não tenho duvidas disso, muitos se tem unido em torno de causas ambientais, mas temos o dever de pensar “mais alem” e refletir sobre diversos temas como:
Se pensarmos bem, quando vamos surfar necessitamos de um conjunto de artefactos e meios, que provavelmente, utilizados em nosso benefício e prazer, já provocaram e causaram elevados danos ao ambiente e natureza. Não quero com isto dizer para deixarem de surfar, nada disso, vamos é ter a consciência de tentar minimizar os danos, como por exemplo comprar equipamento reciclado e “amigo” do ambiente, ou privilegiar compras em empresas que se preocupam com a natureza e que tenham projetos ambientais, incentivar os outros surfistas a boas práticas ambientais, dinamizar a educação ambiental, contribuir para a criação de um código de conduta ambiental do surfista. Esta será uma forma ativa de contribuir para a proteção do ambiente e consequentemente, dar o contributo para o desenvolvimento sustentável do desporto. A humanidade depende da natureza para a sua sobrevivência, por isso temos dever de a proteger, para poder-mos viver com ela em plena harmonia. O surfista para desfrutar do seu desporto, também depende da natureza e meio ambiente, por este facto temos o dever de nos empenhar na sua preservação e proteção. Todos os surfistas devem assumir o papel de “Guardião do Templo”, sendo este que para nós é representado pela Natureza, o Mar e as Ondas. A sustentabilidade do nosso tão “amado” desporto, está nas nossas mãos, mas depende da união, dedicação, empenho e compromisso de todos os surfistas. Confiem na Sustentabilidade desta ideia.
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