“As pessoas esquecem-se que o dinheiro compra e paga muita coisa, mas há uma, que não compra nem paga: A VIDA, quando ficarem sem algum familiar ou amigo é que vão dar o verdadeiro valor a quem arrisca a vida por eles, depois já vão tarde, pois vida há só uma!!!
Só para que se saiba, quando se é profissional não se trabalha para receber um fato de neopreno da marca do principal patrocinador do evento, as pessoas trabalham porque precisam, têm de comer, têm família para sustentar, têm contas para pagar, compromissos, etc… e tem que haver respeito neste País por quem arrisca a vida e faz tudo em prol da "Segurança Pública"! Os Nadadores Salvadores (Salva Vidas) que exercem esta profissão têm e devem ter, todo o respeito de toda a gente neste país, e o que se vê nestes casos infelizmente é só olharem para os seus interesses económicos e rebaixarem e desvalorizarem o trabalho destes, HERÓIS, que também são humanos e têm família. Fico envergonhado e triste quando vejo situações como estas acontecerem, principalmente na terra onde habito e que se diz a CAPITAL DA ONDA! As autoridades e o Estado Português não podem, nem devem deixar que situações como esta aconteçam. Existe uma Associação de Nadadores Salvadores locais (SalvOeste), legalmente constituída e reconhecida pelo ISN e pela Autoridade Marítima, da qual sou presidente, que desde o início do evento em 2009, se queixa que não é ouvida, muito menos contactada pelas entidades responsáveis na organização deste evento (WCT). Não é com fatos de surf que se pagam a profissionais para arriscarem a vida num evento com 20.000 pessoas por dia à beira mar, com um calor avassalador como aconteceu este ano e noutros. Tirando os voluntários que lá estiveram a trabalhar (poucos), todos os outros profissionais recebem bem, em dinheiro, para lá estarem. Falo de todos sem excepção por isso, se existe para uns também tem que existir para outros sem discriminação!!!"
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Escrito por: José Miguel Nunes Chegou ao fim mais um Moche Rip Curl Pro Portugal, desculpem, vamos lá fazer isto como deve ser, chegou ao fim mais um Moche Rip Curl Pro PENICHE, que decorreu na PRAIA DOS SUPERTUBOS, em PENICHE, localidade situada na zona OESTE de PORTUGAL, a mais de cem quilómetros de Cascais. Assim é que deve ser. Com um período de espera entre 12 e 23 de Outubro, as previsões não eram as mais animadoras, pois se se sabia que o “swell” ia entrar, o vento estragava a coisa, soprando na maioria dos dias do quadrante sul, e como os “experts” decidiram mais uma vez deixar o palco alternativo lá para Cascais, a coisa não se afigurava fácil de gerir, é que os melhores do mundo quando vêm para Portugal é para surfar em Peniche, não querem ir para outro lado, essa é que é essa. Para os mais distraídos, Kelly Slater disse-o na conferência de imprensa.
Mas tudo se resolveu, o “swell” entrou, como se esperava, avançou-se com a primeira ronda em condições medianas, onde ninguém era eliminado, para gerir melhor o resto do tempo de prova, decisão acertada. Esperou-se, o vento acabou por acalmar, fez a sua rotação, e os Supertubos, mostraram mais uma vez a razão de os “pros” quererem surfar cá. Não esteve de gala, como em 2011, mas isso meus amigos, foi algo de extraordinário que aconteceu, e que muito dificilmente voltará a acontecer, três dias de ondas sempre iguais, com qualquer tipo de maré, onde todos os factores se conjugaram na perfeição, mas admitamos, a espaços, deram muito boas ondas, muito bons tubos, aliás, foi raro o “heat” em que alguém não fez um. Recordo os dois dez do Jonh Jonh Florence, o tubo de abertura do último dia, de Mick Fanning no derradeiro “heat” da terceira ronda, ou mesmo os tubos da final. O espetáculo foi grande, e seguramente dos milhares de pessoas que estiveram na praia a assistir, nenhuma ficou certamente desiludida com o que estava a ver, eu pelo menos não fiquei. Houve emoção, os menos favoritos avançaram, os favoritos perderam, salvaram-se épocas, goraram-se expectativas, partiram-se pranchas, na água… e fora dela, houve laivos de vedeta, com saídas da água muito antes do objectivo assegurado, e até o Saca nos proporcionou mais do mesmo, perdeu de primeira. Foi um grande campeonato, até pelos merecidos agradecimentos aos locais e ao PPSC – Peniche Surfing Clube, pela sua participação na organização. Faltou talvez a cereja no topo do bolo, a coroação do campeão mundial por cá, mas não aconteceu, ficará para a próxima, do mal, o menos, juntámos mais um candidato à corrida pelo título. Este campeonato, mais do que reiterar a grandeza da onda dos Supertubos, cuja qualidade é inquestionável, serviu para mostrar que a zona de Peniche é realmente incrível em termos de ondas, a melhor do país sem dúvida, e nos sucessivos dias de paragem que aconteceram, era vê-los, aos “pros”, a desfrutar da nossa costa. Não me consta que nenhum deles tivesse ido lá para os lados do palco alternativo. Ficaram-me no ouvido as palavras do vencedor, Mick Fanning, na entrega de prémios: Peniche tem ondas incríveis por todo o lado. Em termos de infraestrutura, pareceu-me mais leve que nos anos anteriores, não sei se por verdadeira convicção ambiental da organização, se resultado da crise, mas de qualquer modo saliento o facto, no meu ponto de vista positivo. Faço notar também a preocupação na montagem, cuidadosa, sem agredir em demasia a envolvente, esperemos que na desmontagem sigam os mesmos pressupostos. O mesmo não posso dizer de alguns espectadores e fotógrafos, que, ano após ano, insistem em usar as dunas como bancadas, apesar dos constantes avisos dos “speakers”. Há algo que não posso deixar passar em claro, costumava ver nadadores-salvadores a patrulhar a beira-mar com as suas “t-shirts” amarelas do ISN, este ano não vi, e … aconteceu… houve quem assistisse ao evento e tivesse que se mandar à água, alguém ficou mal na fotografia, resta saber quem? Era bom que não voltasse a acontecer. Que venha o de 2015… é esse o nosso desejo. Ah, quase me esquecia, a entrega da chave da cidade ao Kelly Slater, o maior galardão que o município pode oferecer. Achei uma “jogada” bastante interessante, não lhe chamarei de mestre, mas bastante interessante, em termos promocionais, quando foi anunciada, no entanto, perdeu todo o fulgor no modo como aconteceu, e passo a explicar, primeiro, ficou-me na retina um certo atropelamento de tanta personalidade local, a querer marcar território, politico talvez, no acto da entrega; segundo, o ter acontecido no palco do evento, precisamente na altura em que a bateria do Gabriel Medina estava na água, não foi, no mínimo de bom tom; terceiro, e talvez por o pensamento estar noutro lugar, nomeadamente na água, a reacção e até as declarações do próprio Kelly Slater, deram a parecer pouca emoção, e até quase a roçar, que foi um favor receber o dito galardão, não lhe ficou bem e desvirtuou ainda mais o momento que já de si não estava a correr muito bem.
A diversidade e número de ondas que nos rodeiam é sem qualquer dúvida uma mais-valia para potenciar a dita economia do surf, e esse aspecto tem de ser valorizado, mas isso não quer dizer que todas elas sejam de excelência como a dos Supertubos, ou seja, não quer dizer que em qualquer sítio onde haja ondas, se monte o circo e se pretenda passar a mensagem que aquilo é muito bom, quando na realidade não é, é apenas bom ou mediano.
Tenho sido particularmente critico para quem trabalha estas coisas do surf, nomeadamente ao nível turístico, relativamente ao facto de não estarem a dar atenção às particularidades, numa lógica de surf é surf, vai tudo para o mesmo saco. Errado. Acho muito sinceramente que devemos trabalhar e potenciar aquilo que nos diferencia dos demais, aquilo em que realmente, e sem sombra de dúvidas, temos melhor que os outros. Resumindo, a onda dos Supertubos e a sua praia é melhor do que todas as outras, logo, é isso que devemos dizer e potenciar, sem receios, sem medos, pois não há dúvidas disso, e faz todo o sentido trabalhar o “marketing” associado a esta realidade. Agora, podemos dizer o mesmo da onda do bico da Papoa? Podemos dizer sem sombra de dúvidas, que a onda do bico da Papoa é melhor que as outras no segmento das ondas grandes? Tenho muitas reservas relativamente a isso. Se tenho criticado fortemente o “marketing” enganoso que alguns fazem relativamente a recursos que não têm, mas que pretendem passar a mensagem que têm, não vou deixar de o fazer quando o mesmo, julgo, acontece por cá. O espetáculo da Papoa, e todo o “show-off” associado, denominado PAPOA BIG WAVE CHALLENGE, com direito inclusivamente a chapéu e “t-shirt”, é entrarmos pelo caminho errado, é tentarmos passar a imagem que também somos os melhores nas ondas grandes, e que aquela onda é um espetáculo, o que em minha opinião, não é. Não somos melhores do que os outros no segmento das ondas grandes, não somos, aceitemos este facto, como dizia o outro, com naturalidade. Não devem tentar passar “gato por lebre”, as ondas que deram na Papoa, são ondas grandes, mas só isso, e nem tão grandes assim, estamos a falar de ondas na casa dos 4 metros, o que neste segmento até podem ser consideradas de medianas. A onda do bico da Papoa é um recurso que pode ser aproveitado, mas numa óptica de complementaridade, relativamente à diversidade de ondas que Peniche tem para oferecer. Bem diferente, é utilizar jogadas de “marketing”, para dar uma dimensão de estrela àquele recurso, que não tem potencial para o ser, só para satisfazer alguns apetites mediáticos e sustentar alguns modos de vida. O que me está a parecer é que a fonte está a começar a secar por outras bandas, e é preciso arranjar mais fontes dispostas a dar água. Encontrei um artigo no “blog” da Surfing Magazine, datado de 16 de Outubro de 2014, intitulado “Life in Peniche”, do qual vou transcrever uma frase que me ficou na retina: “Garrett was seen afterwards about town, with Jet Skis and Mercedes surfboards everywhere and I’m not kidding when I say that he actually looked silver — which further escalates my speculation that he is not a human being all. Just a walking, talking action figure.”
dissimulado e enganoso.
No “site” oficial da ASP, no separador eventos, estão listadas as onze etapas deste circuito, só um pequeno parêntesis, falo do circuito WCT (World Championship Tour), não do WQS (World Qualification Series), é que há aqui uma pequena diferença, o primeiro é onde estão os melhores do mundo, o segundo é o de qualificação para aceder ao primeiro… só para ficarmos esclarecidos. Tomemos então alguns exemplos de como vêm listadas as etapas e o que pretendem transmitir: QUICKSILVER PRO GOLD COAST Gold Coast, Queensland, Australia Quer isto dizer: Local/Cidade: Gold Coast Estado/Zona: Queensland País: Austrália O que permite ler a informação do seguinte modo, o evento QUICKSILVER PRO GOLD COAST realiza-se na cidade de GOLD COAST, que fica no estado de QUEENSLAND, na AUSTRÁLIA. DRUG AWARE MARGARET RIVER PRO Margaret River, Western Austrália, Austrália Informação a ser lida: o evento DRUG AWARE MARGARET RIVER PRO realiza-se em MARGARET RIVER, que fica na zona de WESTERN AUSTRÁLIA, na AUSTRÁLIA. RIP CURL PRO BELLS BEACH Torquay, Victoria, Austrália Informação que passa: o evento RIP CURL PRO BELLS BEACH realiza-se na cidade de TORQUAY, que fica no estado de VICTORIA, na AUSTRÁLIA. BILLABONG RIO PRO Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil Informação: o evento BILLABONG RIO PRO realiza-se na cidade do RIO DE JANEIRO, que fica no estado do RIO DE JANEIRO, no BRASIL. HURLEY PRO AT TRESTLES San Clemente, Califórnia, Estados Unidos da América Informação: o evento HURLEY PRO AT TRESTLES realiza-se em SAN CLEMENTE, que fica no estado da CALIFÓNIA, nos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Vejamos agora o nosso caso: MOCHE RIP CURL PRO PORTUGAL Peniche, Cascais, Portugal Informação que passa: o evento MOCHE RIP CURL PRO PORTUGAL realiza-se em PENICHE, que fica na zona de CASCAIS, em PORTUGAL. Até poderia ser a mania da perseguição, mas não é, o impacto na comunicação social é de tal ordem, que temos meios de comunicação internacionais a comunicar que a Praia dos Supertubos e Peniche ficam situados em Cascais. Por outro lado, têm havido inúmeros pedidos de informação sobre a localização de Peniche, pois nos meios mais usuais de busca na internet, como por exemplo, o Google Maps, não encontram Peniche na zona de Cascais, só a muitos quilómetros de distância, se será aí. Isto é altamente enganoso e prejudicial, PENICHE, não fica na zona de CASCAIS, PENICHE não pertence a CASCAIS, PENICHE nem sequer pertence ao mesmo distrito de CASCAIS. PENICHE é uma cidade situada na ZONA OESTE de PORTUGAL a mais de cem quilómetros de distância de CASCAIS. Trabalhem com verdade… Como embaixador que é do surf português, título que lhe foi atribuído pelo próprio TURISMO DE PORTUGAL, o havaiano andou durante 21 dias a percorrer Portugal de norte a sul, com o objetivo de produzir conteúdos de vídeo que irão ser divulgados pelo mundo.
Muito bem, até aqui nada de extraordinário, bem pelo contrário, se ganha o dinheiro, não faz mais que a sua obrigação, apresentar serviço. Vamos agora ao que já não está muito bem. O que não está nada bem, é o facto deste projecto ser apresentado em Cascais, pelo próprio Presidente do TURISMO DE PORTUGAL, João Cotrim de Figueiredo, no próximo dia 10, durante a etapa do circuito de qualificação que por lá está a decorrer, quando a partir de dia 12 começa a janela de espera da etapa do circuito principal em Peniche. SERÁ QUE UMA ETAPA DO WQS É MAIS IMPORTANTE E TEM MAIS FORÇA MEDIÁTICA INTERNACIONAL DO QUE UMA ETAPA DO WCT? Estive a meditar sobre o assunto e qual teria sido a justificação para esta decisão, e a primeira coisa que me veio à cabeça foi: Lá estão os amiguinhos lá debaixo a fazer panelinha, e Peniche outra vez a ser discriminado, mas depois pensei, não, não pode ser, esta era evidente demais, e este pessoal é um bocadinho mais dissimulado, ainda há alguma, não muita, mas alguma vergonha na cara, não iam ser assim tão descarados, tem que ser outra coisa. Já sei, a VIP Lounge do Cascais Billabong Pro é mais bem frequentada do que a VIP Lounge do Moche Rip Curl Pro Portugal, mas rapidamente descartei esta possibilidade, até porque com raras excepções, a malta que frequenta estas zonas é sempre a mesma, por isso… Mas que raio… e finalmente fez-se luz… é isso, só pode ser. Só pode ser por causa desta maldita austeridade. Estamos a viver um cenário de crise, as dificuldades são imensas, é preciso poupar cada cêntimo, e vir de Lisboa para Peniche é muito mais caro do que de Lisboa para Cascais, nem tem comparação possível, e mais, estando o evento marcado para as quatro da tarde, ainda dá tempo de cada um ir jantar a casa, é que esta malta VIP é tudo lá da capital, excepção feita ao MacNamara, que já é praticamente “nazarene”, e assim é mais esse que se poupa. Se fosse em Peniche era uma pipa de massa só em deslocações e comida, já para não falar do transtorno da viagem… Finalmente estamos a entrar no bom caminho, alguém que dê o exemplo, um cêntimo ainda é cêntimo… |
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Novembro 2016
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