Escrito por: Lisa Marques Tenho referido em conversas com amigos a pertinência de começarmos a olhar para o surf sobre várias perspectivas, e sobre as suas diversas ramificações, muitas vezes contraditórias à génese do surf. Acredito que só podemos compreender o que se está a passar no universo do surf, se o olharmos através de prismas distintos:
Desde que comecei a surfar, há mais de uma década atrás, tenho assistido a um crescimento no mundo do surf, e fui obrigada a encará-lo enquanto Surfista, estudante de turismo, e cidadã atenta ao boom da industria do surf e suas implicações naquele que escolhi ser o meu lifestyle. Tive a sorte de absorver um pouco da cultura do surf e dos seus valores, que me foram passados nos primeiros anos de aprendizagem, através da observação e da auto-superação. O mar foi-me apresentado como o “Todo Poderoso” e a “Mãe Terra” geradora de todas as formas de vida, numa concepção animista repleta de magia e pureza. A comunhão e respeito pela Natureza e pelos surfistas mais antigos, eram valores comuns na minha comunidade de Surf. Estes Soul Surfers, acreditam e transmitem os valores do Surf, utilizam o Mar como um templo de auto descoberta e criação, e referem com frequência que o Mar é o seu Deus e a sua religião, porque é nele que se esclarecem. É a essência primordial do Surf, onde toda a rotina se desenvolve à volta do ceano, pelos ciclos das marés, e em comunhão e integração do Homem na Natureza. Com a industrialização chegada ao mundo do Surf, este começou a ser encarado como um produto, os melhores surfistas começaram a ser premiados pelas suas habilidades, tornando-se ídolos de massas. O surf reduziu-se ao desporto, acção e performance. Os surfistas profissionais alimentam a industria que os apoia e lhes dá visibilidade e credibilidade, enquanto que os seus nomes, são admirados como modelos de perfeição atlética, dando imagem a toda a comunicação global da marca, e inspirando consumidores. Os surfistas espectadores são então a criação da sociedade de consumo necessitada de modelos comportamentais, que só se viraram para o surf por uma questão de influências. São inconscientes e levianos, vestem as mesmas marcas, pedem autógrafos e fazem hashtags com referências ao surf, mas não reconhecem os seus valores. Querem pertencer à tribo mas ilibam-se de qualquer compromisso que o ser Surfista acarreta. Não existe preocupação ambiental, o consumo não é responsável, as surfshops, surfschools, surfpools, surfshits são construídas sem integração nem consciência, é apenas a industria e a alheação consumista a trabalhar este segmento de mercado. Este acréscimo de visibilidade do surf nos meios de comunicação teve naturalmente implicações directas na procura dos destinos de surf, e a industria turística nestes “paraísos de ondas” tem vindo a crescer exponencialmente, muito graças ao World Tour. Aqui os pacotes e ofertas de surf são variados, e os turistas que querem ser surfistas querem-no muito vezes por brincadeira, como parte da experiência de visitar um paraíso das ondas, e de terem a ilusão de serem surfistas por 1 dia, uma semana ou 1 mês. As aulas de surf nestes destinos tornam-se então pacotes de animação aquática, e os instrutores de surf incorporam a figura descomprometida do “hangloose bué cool yeah”, onde tudo o que interessa é pó-los de pé nem que seja num SUP, porque é aqui que está a satisfação de um turista que quer ser surfista. Não existe introdução à história do surf, nem à cultura, nem aos seus valores, nem às regras de conduta dentro de água. E ao evoluírem neste surf sem herança alguns destes turistas surfistas adoptam posturas muitas vezes desrespeitadoras, monopolizadoras e agressivas, e são cada vez mais a povoarem os picos um pouco por todo o lado… E sim, a culpa é nossa enquanto agentes turísticos. Esta semana ficámos a saber que o surf será um modalidade olímpica, e será disputada num cenário artificial. Se eu concordo e vou seguir? Não. Eu não procuro em outros surfistas modelos de perfeição, porque acredito que o surf deve ser sentido de forma individual e genuína e em comunhão com o todo natural. Mas sei que a pureza do surf já não pode ser resgatada nem o desenvolvimento invertido (mas isso já não é “coisa” de agora). A longo prazo poderá haver a separação das águas entre surfistas, mas sobretudo de cidadãos com formas diferentes de estar. Um Soul Surfer revela a humildade de estar em comunhão com um força maior que si, e aprende a tirar o melhor daquilo que o mar gratuitamente dispõe. Enquanto que o surfista espectador procura no objecto a sua diversão ou frustração, e a relação será sempre com o objecto. Por isso acredito que daqui para a frente serão reveladas as verdadeiras motivações de cada um, e haverá sem qualquer dúvida espectadores e apreciadores do surf em piscina. Quem sabe se surgirão então piscinas adequadas a todos os níveis e aptidões? E o controlo do ambiente até agora impossível em meio natural, esteja à distância de um comando, onde o homem “todo poderoso” adquire uma nova ilusão de domínio sobre a Natureza. (!) Hipótese. Piscinas para beginners, para intermédios, para avançados, para prós, para ondas moles, para ondas cavadas, para os marrequeiros, para os tube riders, para a direita, para a esquerda… para todos fora daqui que está um crowd lixado no mar… Era bem não?! hihihi. Nota: Estas palavras caricaturadas, baseiam-se unicamente na observação e reflexão pessoais, sem qualquer fundamentação nem estudo científico que as sustentem.
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Escrito por: José Miguel Nunes Saiu ontem, dia 1 de Agosto de 2016, a convocatória do selecionador nacional para o VISSLA ISA World Junior Surfing Championship (WJSC) que se irá realizar em S. Miguel, Açores, no próximo mês de Setembro. Foram doze os atletas escolhidos para representar as cores nacionais neste importante evento, em quatro categorias diferentes: SUB-18 e SUB-16 Masculino e SUB-18 e SUB-16 Feminino. Segundo veiculado na imprensa os critérios subjacentes à escolha da equipa são os resultados dos atletas nas diversas provas nacionais, assim como os dois estágios realizados. As escolhas do selecionador nacional para as categorias femininas recaíram então nas sétimas classificadas do “ranking” para SUB-18 e na quarta e quinta classificadas do “ranking” para SUB-16. É de referir ainda que as escolhidas em SUB-18 são a terceira e a nona classificadas no “ranking” de SUB-16, e que uma das selecionadas para SUB-16 é também quarta do “ranking” de SUB-18, enquanto a outra não está “rankeada”. Assim, a pergunta que se impõe é: PORQUE RAZÃO FICOU DE FORA DAS ESCOLHAS DO SELECIONADOR A CAMPEÃ NACIONAL EM TÍTULO NAS DUAS CATEGORIAS? Não posso deixar de achar estranho esta convocatória, senão vejamos:
Referir ainda que a CAMPEÃ NACIONAL EM TÍTULO de SUB-16 e SUB-18 foi vice-campeã da etapa portuguesa do RIP CURL GROMSERACH 2016, tendo a única das convocadas de SUB-16 a participar neste evento terminado na terceira posição. Posto isto parece-me que a resposta à pergunta feita em cima, só pode ser uma: a CAMPEÃ NACIONAL EM TÍTULO de SUB-16 e SUB-18 não foi convocada porque não corre o Circuito Regional da Grande Lisboa. É realmente injusto que este tipo de situações continuem a acontecer com os atletas de Peniche. Há bem pouco tempo foi com o bodyboard, como AQUI fizemos referência. Deixar apenas uma palavra para a CAMILA COSTA, sim, é este o nome da CAMPEÃ NACIONAL EM TÍTULO de SUB-16 e SUB-18, que continue a divertir-se quando vai fazer surf e que o faça com alegria, pois isso é o mais importante, o resto vem por acréscimo, e virá, pois é uma excelente surfista. |
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Novembro 2016
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