Escrito por: José Miguel Nunes Chegou ao fim mais um Moche Rip Curl Pro Portugal, desculpem, vamos lá fazer isto como deve ser, chegou ao fim mais um Moche Rip Curl Pro PENICHE, que decorreu na PRAIA DOS SUPERTUBOS, em PENICHE, localidade situada na zona OESTE de PORTUGAL, a mais de cem quilómetros de Cascais. Assim é que deve ser. Com um período de espera entre 12 e 23 de Outubro, as previsões não eram as mais animadoras, pois se se sabia que o “swell” ia entrar, o vento estragava a coisa, soprando na maioria dos dias do quadrante sul, e como os “experts” decidiram mais uma vez deixar o palco alternativo lá para Cascais, a coisa não se afigurava fácil de gerir, é que os melhores do mundo quando vêm para Portugal é para surfar em Peniche, não querem ir para outro lado, essa é que é essa. Para os mais distraídos, Kelly Slater disse-o na conferência de imprensa.
Mas tudo se resolveu, o “swell” entrou, como se esperava, avançou-se com a primeira ronda em condições medianas, onde ninguém era eliminado, para gerir melhor o resto do tempo de prova, decisão acertada. Esperou-se, o vento acabou por acalmar, fez a sua rotação, e os Supertubos, mostraram mais uma vez a razão de os “pros” quererem surfar cá. Não esteve de gala, como em 2011, mas isso meus amigos, foi algo de extraordinário que aconteceu, e que muito dificilmente voltará a acontecer, três dias de ondas sempre iguais, com qualquer tipo de maré, onde todos os factores se conjugaram na perfeição, mas admitamos, a espaços, deram muito boas ondas, muito bons tubos, aliás, foi raro o “heat” em que alguém não fez um. Recordo os dois dez do Jonh Jonh Florence, o tubo de abertura do último dia, de Mick Fanning no derradeiro “heat” da terceira ronda, ou mesmo os tubos da final. O espetáculo foi grande, e seguramente dos milhares de pessoas que estiveram na praia a assistir, nenhuma ficou certamente desiludida com o que estava a ver, eu pelo menos não fiquei. Houve emoção, os menos favoritos avançaram, os favoritos perderam, salvaram-se épocas, goraram-se expectativas, partiram-se pranchas, na água… e fora dela, houve laivos de vedeta, com saídas da água muito antes do objectivo assegurado, e até o Saca nos proporcionou mais do mesmo, perdeu de primeira. Foi um grande campeonato, até pelos merecidos agradecimentos aos locais e ao PPSC – Peniche Surfing Clube, pela sua participação na organização. Faltou talvez a cereja no topo do bolo, a coroação do campeão mundial por cá, mas não aconteceu, ficará para a próxima, do mal, o menos, juntámos mais um candidato à corrida pelo título. Este campeonato, mais do que reiterar a grandeza da onda dos Supertubos, cuja qualidade é inquestionável, serviu para mostrar que a zona de Peniche é realmente incrível em termos de ondas, a melhor do país sem dúvida, e nos sucessivos dias de paragem que aconteceram, era vê-los, aos “pros”, a desfrutar da nossa costa. Não me consta que nenhum deles tivesse ido lá para os lados do palco alternativo. Ficaram-me no ouvido as palavras do vencedor, Mick Fanning, na entrega de prémios: Peniche tem ondas incríveis por todo o lado. Em termos de infraestrutura, pareceu-me mais leve que nos anos anteriores, não sei se por verdadeira convicção ambiental da organização, se resultado da crise, mas de qualquer modo saliento o facto, no meu ponto de vista positivo. Faço notar também a preocupação na montagem, cuidadosa, sem agredir em demasia a envolvente, esperemos que na desmontagem sigam os mesmos pressupostos. O mesmo não posso dizer de alguns espectadores e fotógrafos, que, ano após ano, insistem em usar as dunas como bancadas, apesar dos constantes avisos dos “speakers”. Há algo que não posso deixar passar em claro, costumava ver nadadores-salvadores a patrulhar a beira-mar com as suas “t-shirts” amarelas do ISN, este ano não vi, e … aconteceu… houve quem assistisse ao evento e tivesse que se mandar à água, alguém ficou mal na fotografia, resta saber quem? Era bom que não voltasse a acontecer. Que venha o de 2015… é esse o nosso desejo. Ah, quase me esquecia, a entrega da chave da cidade ao Kelly Slater, o maior galardão que o município pode oferecer. Achei uma “jogada” bastante interessante, não lhe chamarei de mestre, mas bastante interessante, em termos promocionais, quando foi anunciada, no entanto, perdeu todo o fulgor no modo como aconteceu, e passo a explicar, primeiro, ficou-me na retina um certo atropelamento de tanta personalidade local, a querer marcar território, politico talvez, no acto da entrega; segundo, o ter acontecido no palco do evento, precisamente na altura em que a bateria do Gabriel Medina estava na água, não foi, no mínimo de bom tom; terceiro, e talvez por o pensamento estar noutro lugar, nomeadamente na água, a reacção e até as declarações do próprio Kelly Slater, deram a parecer pouca emoção, e até quase a roçar, que foi um favor receber o dito galardão, não lhe ficou bem e desvirtuou ainda mais o momento que já de si não estava a correr muito bem.
6 Comentários
Nuno Marques (Bruce)
21/10/2014 16:04:37
Parabéns Zé Miguel, pelas palavras escritas. Sem dúvida um bom artigo.
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Gaspar Santos
22/10/2014 04:48:59
Bom artigo com factos bem observados e grande fotografia do evento
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Paulo Cunha
22/10/2014 16:05:37
Excelente texto. Parabens a todos. Demonstra bem que em termos de qualidade de ondas Peniche continua imbatível... Nem tudo correu a 100% mas isso não foi, com certeza, culpa da natureza.
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Ricardo Viola
23/10/2014 05:05:56
Excelentes e precisas palavras amigo, tal como as ondas da nossa Peniche, ao mais alto nível!!!
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Sara
23/1/2016 14:14:34
Olá, eu estou a fazer um trabalho sobre a logística do Moche Rip Curl, sem nunca ter lá ido. Achei este post bastante interessante e ajudou-me bastante porque me ajudou a situar um bocado. Será que me consegue dizer se existem casas de banho no recinto? Ficava-lhe eternamente grata :)
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José Miguel Nunes
24/1/2016 22:08:54
Sim existem WC's no recinto.
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