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Estórias do Surf Penicheiro - XXXII

2/2/2015

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Escrito por: Pedro Miguel Dias (Grande)

UMA SURFADA NO DIA DE NATAL
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Dia de Natal, 1988. Acordei e fui arranjar uma caixa de papelão para ir para a praia à boleia!

Fiz dois recortes e escrevi no primeiro cartão: DAGORDA. No outro, escrevi SUPERTUBOS de um lado e LAGIDO no outro, para quando chegasse à Serra D´El Rei ver o vento que estava e ir surfar “off-shore”.

O vento era norte, portanto, SUPERTUBOS!!! Lá apanhei uma boleia para Peniche.

Cheguei aos Super estavam apenas dois 'bifes' na água, o mar estava metro a metro e meio, “swell” de noroeste e uma brisa de norte! Lindo...

Estava a deslocar-me para o pico, quando ouvi o Ricardo (Rato Cego das Caldas), que estava a chegar: "Grande, olha os ténis! Tinha-me esquecido das “All Star” pretas. Cego com as ondas pedi-lhe que as guardasse no carro.

As ondas eram lindas, mas era dia de Natal, e eu tinha que ir almoçar com a família. A minha mãe tinha-me avisado: "Estás cá à uma da tarde!".

Ainda tinha de apanhar uma boleia, já tinha pouco tempo. Quando cheguei lá acima vi que ele já não estava, o Ricardo já se tinha ido embora, e por esquecimento levou-me os ténis. "Ahh e agora os meus ténis!"

Com os pés cinzentos do frio horrível que estava, só me lembrei: “Ai a minha mãe!”.

Fui até ao cruzamento e apanhei boleia de uma senhora que ia para as Caldas almoçar com a família. A senhora apercebeu-se que eu estava descalço e deixou-me mesmo à porta de casa.

Tomei um duche rápido, vesti a camisinha e lá estava eu no tradicional almoço de Natal a encher a barriguinha… depois de apanhar altas ondas!

(Dedico esta minha história a todos que surfam nos Super com um “crowd” horrível)

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Estórias do Surf Penicheiro - XXXI

26/8/2013

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A MELHOR SURFADA É...
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No passado dia 17 de Agosto, fiz talvez a melhor surfada dos últimos quinze anos. Praia do Baleal, 7:30 da tarde, as ondas não chegavam aos vinte centímetros, vento “on-shore”, uma corrente descomunal no único local na água onde alguma coisa mexia. Que grande surfada.

Tom Curren disse um dia que o melhor surfista era aquele que mais se divertia dentro de água. Relativamente às surfadas, esta lógica pode também ser aplicada, a melhor surfada pode ser a mais divertida, e esta foi.

Paulo Ferreira, Gonçalo Cardoso e Baixinho foram alguns dos meus companheiros de surf desde 1985, ano em que me iniciei nestas coisas do surf. Tivemos tantos e tão bons dias de grande surf nas ondas desta Capital da Onda. Crescemos juntos, estudámos juntos, saímos juntos, sonhámos juntos, aprendemos a surfar juntos, tornámo-nos surfistas juntos.

A vida levou-nos por caminhos diferentes, outras prioridades se impuseram. Acabámos, por razões diferentes, cada um de nós, de estar tão disponíveis para o surf, uns mais cedo do que outros, uns mais do que outros, é afinal de contas a vida a levar o seu rumo. No entanto, todos continuamos a ser surfistas, nunca deixámos de o ser, façamos ou não surf com regularidade, temos o surf entranhado na alma, seremos sempre surfistas, seremos sempre amigos.

O Paulo Ferreira cumpriu nesta data mais uma primavera, foi este o pretexto para nos encontrarmos numa festa surpresa ao nosso amigo de sempre, num dos locais mais icónicos do surf penicheiro, o Bar do Bruno, para uma “sunset party”, e daí até à surfada foi um ápice.

Não fizemos ondas, eu ainda apanhei uma espuma mal ‘enjorcada’, e vi a cara aterrorizada de um bife que por lá andava, mesmo antes de levar com o meu amigo Gonçalo, com mais trinta quilos do que devia, em cima.
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Foi assim que nesse dia fiz uma surfada como não fazia há muitos anos, na companhia dos meus amigos, algo que não acontecia há tantos anos, e foi este, e apenas este, o facto, que tornou esta surfada tão especial, tão divertida, e por consequência a melhor.

Vinte minutos depois, saímos da água a rir uns com os outros, todos juntos, como não fazíamos há muito, e fomos beber umas para comemorar.

Foi muito bom, gostei tanto de voltar a estar na água com estes meus amigos. Pode ser que não demore tanto tempo para nos juntarmos novamente para mais uma surfada, pois é isso o melhor que o surf tem… surfar com os amigos.

Esta é para vocês, para os melhores amigos que um homem pode ter.
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Estórias do Surf Penicheiro - XXX

16/8/2013

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A CAIXA MAIS BEM GUARDADA DO CAMPEONATO…

Há estórias que só se podem contar passados uns anos, esta é uma delas.

Recuemos aos finais dos anos oitenta, princípios de noventa, do passado século, para um dos RIP CURL PRO-AM, campeonatos integrantes do Circuito Europeu da então EPSA (European Profissional Surfing Association).

Esperávamos com alguma ansiedade estes campeonatos, que se realizavam em Setembro, a aproveitar as primeiras boas ondulações, normalmente não muito longe do equinócio.

Três eram as razões principais desta nossa ansiedade, primeiro, vinha fatinho novo, pois era esse o pagamento à malta que ‘alombava’, segundo, os campeonatos na altura eram uma festa, boa parte do meu grupo trabalhava lá, e para além de trabalharmos de dia no decorrer do campeonato, à noite, dormíamos todos na praia para guardar o palanque, ou seja, não dormíamos grande coisa, mas isso são outras estórias, algumas nunca se poderão contar, terceiro, tínhamos oportunidade de conhecer e surfar com alguns dos melhores surfistas da europa, e mesmo do mundo, como aconteceu com as lendas Chappy Jennings, Wayne “Rabbit” Bartholomew ou Glen Winton, algo que na altura encerrava um sentimento diferente do dos dias de hoje.

Mas esta estoriazinha, não tem exatamente a ver com estas coisas de surfistas, que para nós, eram uma espécie de ídolos. Hoje vamos falar de… T-SHIRTS, isso mesmo, t-shirts.

A caixa das t-shirts do campeonato, era uma das maiores preocupações do Miguel Taveira e do José Farinha durante a prova. Aquela caixa era a mais vigiada da praia, tanto por nós, como por eles, e normalmente estava ao cuidado de uma das respectivas esposas. Todos andavam de olho a ver onde ela parava e com quem.

Houve várias estórias a envolver as t-shirts do campeonato ao longo dos anos. Ao início eram todas iguais, e cada um de nós que lá trabalhava tinha direito a uma, e a coisa até nem era muito complicada, lá desaparecia uma ou outra, coisa pouca, para oferecer a alguém ou trocar por outra com algum bife, coisas do género. Normalmente eram de cor branca ou cinzenta. A partir de certa altura, já não posso precisar o ano, a novidade foi: t-shirts de várias cores, a juntar às tradicionais brancas e cinzentas, havia também azuis, vermelhas e até cor-de-rosa. Se não me engano, as vermelhas eram exclusivas dos júris.

No fim do campeonato, normalmente era o caos naquele palanque. Desmontar e carregar tudo para o estacionamento. Meus amigos, na altura, era mesmo às costas, nem estrado de madeira havia, quanto mais “pick-ups”, ainda me lembro do número necessário de baias de ferro que circundavam o palanque: 73, já para não falar dos postes para içar as bandeiras, que não eram lá muito leves, mesas, cadeiras, lonas, enfim tudo e mais alguma coisa. A juntar a isto, os competidores recebiam na hora, e em “cash”, era a confusão total, pois faziam fila e só de lá saiam quando recebiam o seu.

Bem, com tudo isto, estava eu e um colega/amigo/camarada, à procura de coisas para levar para cima, pois já estava quase tudo carregado, quando nos deparámos com uma caixa debaixo de uma mesa, dentro da casinha de madeira que servia de escritório durante o dia, e de quarto, casino e sala de jantar durante a noite.

Abrimos para ver o que era, e qual não foi o nosso espanto, a caixa mais guardada do campeonato, ali sozinha, à nossa mercê, eram t-shirts à fartazana, de todas as cores, nem queríamos acreditar. Fizemos logo ali um buraco na areia, tirámos duas de cada cor para cada um, enterrámos bem enterradas, agarrámos na caixa e levámos para cima. Fomos entregá-la em mãos ao Miguel, e dissemos-lhe algo parecido com isto: deixa-a lá em baixo deixa, depois queixa-te. Pimba, ‘ganda’ moral, só numa de precaver a situação… eheheheh…

Passados aí uns quinze dias a três semanas, era altura então de mostrar aquilo que pensávamos que os outros não tinham, e aparecer de t-shirt do campeonato, sem ser nem branca nem cinzenta, envergada, todo pimpão. Claro que havia sempre mais um ou outro que também tinha tido sorte, outros nem tanto. Era assim… uns anos uns, outros anos outros…

Para o ano havia mais, e a sorte mudava. Nesse ano tinha-me calhado a mim, anos houve que a coisa não correu tão bem. Lembro-me de a minha mãe me perguntar, mas tanta camisola do campeonato, e eu lhe dizer, o Miguel, que era o único que ela conhecia, é um fixe, quando acaba o campeonato divide com quem trabalha as que sobram. Pois, pois…

Naquele ano ainda troquei umas quantas com os bifes, e renovei o meu “stock” de t-shirts de surf, ainda por cima de marcas diferentes.

Desculpa lá òh Farinha, mas é para não seres forreta, pagavas com os fatos da coleção do ano anterior em vez dos novos. É por essas e por outras que de vez em quando ainda mereces levar com o belo do “dropino”. Abraço.

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Estórias do Surf Penicheiro - XXIX

18/7/2013

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UMA ESTÓRIA COM HISTÓRIA

Há cerca de um ano, depois de mais um dia de trabalho, agarro na pranchinha e vou fazer a surfada de fim de tarde. É bom para libertar o “stress”.

Mar de verão, Baía, ondas de metro, meio ranhoso. Olho para o mar, contavam-se pelos dedos de uma mão os surfistas na água. Penso cá com os meus botões, que se lixe, não tenho tempo para ir à procura de melhor, isto é mesmo para molhar a cabeça e remar um bocado.

Entro na água, meia dúzia de remadas e estou sentado no “outside”. Chama-me a atenção, um surfista mais “cota” e mais careca do que eu. Estava acompanhado de um amigo que se iniciava no surf, dava-lhe umas dicas, notava-se que tinha afinidade com o mar, notava-se que conhecia o local. Não o conhecia, estranhei. Observei com mais atenção, evidenciava uma forma física invejável.

Tinha ouvido há uns dias, que um tal de Rui Vala, um dos primeiros surfistas de Peniche, tinha voltado às lides… será?

Meti conversa, acertei, era mesmo o Rui Vala, nome que tantas vezes tinha ouvido em conversas de surf dos velhos tempos. Foi inevitável a minha satisfação por estar a partilhar o “line-up” com ele. Senti naquele momento que aquele dia de ondas verdadeiramente más, iria ficar marcado para sempre na minha memória.

Passámos mais tempo a conversar do que a fazer ondas, pois estas estavam mesmo do piorio, e o Rui é afável, de conversa fácil.

Devido a várias circunstâncias, viu-se obrigado a deixar de fazer uma das coisas que mais gostava: surf. Também a mim me aconteceu, no entanto, enquanto eu consegui resolver a questão em meia-dúzia de anos, o Rui levou quatro vezes mais tempo.

Um surfista na verdadeira aceção da palavra, nunca deixa de o ser, fica-nos no sangue desde o primeiro dia em que conseguimos domar essa força da natureza a que damos o nome de onda. Tal como eu, durante os anos de “abstinência surfística” nunca o deixei de ser, também com o Rui aconteceu o mesmo.

Do mesmo modo que aconteceu comigo, acredito que durante todos aqueles longos anos em que não fez surf, o Rui Vala, não passou um único dia em que não o desejasse fazer, ou que não imaginasse o dia em que voltaria novamente a “dropar” uma onda. Reformou-se, assentou arraiais na sua Peniche, e fez-se ao mar. O Rui voltou a estar na água, no meio das ondas. Hoje, como o próprio diz, está sempre à espera das ondas. É o que mais gosta de fazer.

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A bombar na Almagreira (2013)
Não me esqueço de lhe ter dito quando saímos da água naquele dia de verão: Este é um dia histórico para mim. Com ar admirado perguntou-me, porquê? Respondi: Consegui fazer o pleno, fiz surf com todos os surfistas que integraram a chamada primeira geração de surfistas de Peniche, só faltavas tu.

Bem-vindo de volta Rui…

Keep Surfing…
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Estórias do Surf Penicheiro - XXVIII

3/4/2013

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Escrito por: Nuno Baltazar

1974

Esta foto recorda uma passagem pelo Baleal de um grupo de Surfistas de Carcavelos onde estavam os amigos irmãos Rocha.
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Eu estou identificado (primeiro à direita) depois estão os dois irmãos Rocha e outros surfistas de Carcavelos, em baixo a unica que conheço é a Filipa Vasconcellos e Sá.
No livro “História do Surf em Portugal – as origens” a certa altura diz o seguinte: “Certa vez no Baleal, encontraram meia dúzia de jovens com as suas idades, os quais apresentavam um nível de surf muito semelhante ao do grupo, embora já praticassem há mais tempo.”

Este grupo permaneceu 12 dias acampados no Baleal, e o livro conta ainda: “Nas animadas noites de convívio com os surfistas locais e as suas amigas no clube privado AB – Amigos do Baleal -, na companhia do Mário Castanheira, dos irmãos Baltazar, Nuno e Duarte, dos irmãos Esteves, António e Paulo, entre outros, o grupo de Carcavelos deu a conhecer as digressões nas suas praias e os picos que tinham surfado. Aqueles ripostaram que ainda não os tinham experimentado porque tais locais eram considerados perigosos e as suas famílias não deixavam surfar neles.

Ao fim de umas tantas noites de conversa, a curiosidade e a vontade de surfar nos sítios proibidos fizeram que alguns dos surfistas, com o Paulo Esteves, o Nuno Baltazar e outros, não resistissem, e certa manhã estavam prontos para desobedecer aos pais, para acompanhar os carcavelenses na surfada.

Nesse dia, acabaram por ir surfar juntos para o local a que hoje se chama Supertubos, “o vento estava de norte e penteava bem as pequenas ondas existentes. Passaram a ter um novo local para surfar.”
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Estórias do Surf Penicheiro - XXVII

6/3/2013

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Luís Rafa Matos (Lagido)
Escrito por: Luís Rafa Matos

O QUASE LERPANÇO…

A forma imediatista/fútil/mercantilizada como se encaram hoje os desportos de ondas, recorda-me um evento marcante da minha vida de bodyboarder, e que me fez encarar e valorizar de uma forma completamente diferente o acto de surfar: - Nunca tendo sido o que chamo de big-rider, frequentei durante muitos anos as praias de Peniche, sendo a minha praia favorita a de Supertubos (que surpresa).

Foi lá que certa vez ocorreu um episódio de prazer/dor que ilustra bem o espírito desta onda: numa sessão de 2m-2,5m a subir, apanhei o que pensava ser a minha última onda do dia, e fiz um dos melhores tubos da minha vida, lembro-me de ver o Cação a passar no canal e a olhar para mim com o sorriso de quem pensa:” o puto finalmente está a aprender” –  embora já cansado e de barriga cheia, decido gananciosamente ir para dentro novamente apanhar mais uma(s) daquelas... mas já sem braços ou pernas, sou arrastado para o agueiro e pior, para debaixo do monstruoso close-out que partia por cima de um banco de areia a cerca de 30m do pico.

Vi-me então na pior situação possível, isto é, na posição certa para aqueles monstros me partirem em cima da cabeça. Lembro-me de pensar antes de mergulhar: “como será levar com uma coisa deste tamanho e grossura na cabeça?” – fiquei logo a saber, pois partiu-me o shop, quase me partiu a mim em bocados, colou-me ao fundo, abanou-me mais um bocado, bati no fundo mais uma vez, no que me pareceu uma eternidade, e quando vim ao de cima só tenho tempo de expirar e inspirar (pouco) pois já vinha outro lip a caminho. Repete-se o processo e começo a pensar:” tu queres ver!! mau... vá tem calma”, quando venho à superfície e já sem fôlego de qualquer espécie, levo logo com outra, e aí sim, vi a coisa mal parada, a vida passou-me à frente e invadiu-me uma estranha tranquilidade, tipo: “é desta que me vou, deixa-me ir na calma”.

Ainda assim, não desisti, e a lutar pela vida tento chegar à superfície, mas num impulso involuntário no meio de uma semi-alucinação, inspiro, só que ainda não tinha chegado à superfície! A sensação disso é de como se os pulmões ganhassem uma espécie de tampão e simplesmente não funcionam mesmo que tentes inspirar. É aflitivo garanto.

Vim à superfície e mal conseguia manter a cabeça à tona, por sorte houve uma pausa no set e já me encontrava no inside, mas naquele momento mal conseguia respirar ou mexer-me e tinha o fato cheio de água, o que não facilitava a flutuação.

É neste momento que oiço: ”Rafa! estás bem?” Olho e vejo o bendito Barrela a aproximar-se com a minha prancha, neste momento nem sei explicar o que senti, sei que assim que subi para cima dela tossi,…e consegui respirar, pouco mas consegui, acho que agradeci ao Barrela, apanhei uma espumaça e agarrei-me à prancha com uma força que nem sei onde fui buscar. Lá me vi em terra firme, e mais importante que tudo, vivo!

Foi uma daquelas experiências marcantes, uma grande lição sobre a ganância e sobre o (potencial) preço a pagar pelos grandes prazeres da vida.

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Estórias do Surf Penicheiro - XXVI

1/2/2013

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Lagido, 1989
HÁ ONDAS PARA TODOS

Uma das ondas onde sempre me senti mais à vontade a surfar é o Lagido. Nunca fui um surfista de “inside”, sempre gostei de me colocar no pico e esperar pelos “sets”.

O Lagido sendo um “spot” de pico único, tem um problema, e cada vez mais: o “crowd”. Por ser um pico de uma só onda, é normal estarem umas dezenas largas de surfistas na água a “degladiarem-se” por uma onda.

Sempre me considerei respeitador em relação aos outros surfistas, mas também sempre exigi o mesmo respeito, não quero com isto dizer que de quando em vez não “dropine” uma ou outra onda, e que não seja também “dropinado”, sem isso gerar problemas de maior, pois faz parte da vivência de qualquer surfista, e não há nenhum que não “dropine” ou que não seja “dropinado”.

Naquele ano havia uma grande polémica em torno de um surfista que por cá aparecera para “shapar” na Polen e simultaneamente correr o Circuito Nacional de Surf, era ele Almir Salazar, um surfista brasileiro altamente consagrado, já “velhote”, mas que deu na pá ao Tugas todos, talvez fosse esse o problema, e que com maior ou menor polémica se sagrou campeão, talvez do primeiro circuito digno desse nome.

Eu não conhecia o Sr. Almir Salazar, a não ser das revistas claro, nem fiquei a conhecer na verdadeira acessão da palavra, e diga-se de passagem que também não tinha nenhum interesse nisso, pois para mim ele era só mais um surfista dentro de água.

O Sr. Almir Salazar, veio algumas vezes surfar a Peniche, naturalmente, pois é um local com excelentes ondas. Um desses dias foi no Lagido, estavam ondas entre 1,5 e os 2 metros, com bastante “crowd”, aliás como é habitual.

Com toda a sua experiência, e digo eu, com alguma arrogância, fruto possivelmente do estatuto de estrela com que era rotulado cá na terrinha, ou então, pensasse que devido ao último nome que ostenta isso lhe daria direitos que à muito já tinham sido banidos, bem, o que é certo é que à minha primeira onda levo com um “dropino” até terra do Sr. Almir. Espero por ele no canal e digo-lhe muito frontalmente para não o voltar a fazer, ao que ele me responde com um sorriso gozão na cara: Na boa irmão, há ondas para todos. Se já não tinha gostado da atitude, pior fiquei, e volto para o “outside”.

No “set” seguinte, apanho uma onda, e novamente o Sr. Almir me “dropina” até ao fim, fiquei furioso, vou direito a ele e digo-lhe sem rodeios: Ou sais da água, ou a próxima vez que te apanhar lá em baixo passo-te por cima - ele olhou para mim e riu-se, virei costas sem mais uma palavra sequer e volto para o “outside”

Vieram mais umas ondas, e o surf ia decorrendo normalmente sem grandes “stresses”. A determinada altura vem de lá um “set” dos bons, apanho uma onda, e quando começo a “dropar” quem vejo lá em baixo na zona de rebentação a remar para a parede da onda de modo a fugir ao turbilhão de espuma que se aproximava: o Sr. Almir, nem pensei, vou direito a ele com toda a velocidade e olhos bem fixos para onde queria ir. O Sr. Almir pensava que lhe ia mandar um leque de água para a cara com uma razia bem rasgada na sua frente, e de modo descontraído continua, quase a pedir que o fizesse, pois acharia assim que estava desculpado por ter gozado com a cara de um surfista local que não conhecia de lado nenhum. Enganou-se na porta a que bateu o Sr. Almir, e teve o bom senso de no último instante virar a prancha de modo a proteger o corpo, pois eu fui mesmo contra ele de tal forma que lhe furei a prancha de um lado ao outro, tive mesmo de ajudar com os pés para as desencaixar, e antes de voltar para o pico disse-lhe: Eu avisei-te – da sua parte, nem a boca abriu.

É certo que também parti o “nose” da minha prancha, e que ao Sr. Almir não lhe fez diferença nenhuma ter ficado com um buraco na sua, pois só naquele dia, ele devia ter quase tantas pranchas no carro como eu tive durante toda a minha vida, no entanto surfei mais algumas vezes com o Sr. Almir, e vejam lá que nunca mais fui “dropinado” por ele.

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Estórias do Surf Penicheiro - XXV

14/1/2013

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N. Baltazar, 1973
Escrito por: Nuno Baltazar

O INÍCIO (1º DÉCADA)

Lembro-me de ver fazerem Surf no Baleal (Praia para onde vou desde que nasci) nos anos 60, mas só nos finais dessa década, início de 70 é que comecei a aprender a fazer com pranchas emprestadas que normalmente eram divididas por mais do que um principiante, para as levar para a praia eram precisos sempre dois devido ao tamanho e peso das mesmas.

No início comecei a apanhar as ondas de joelhos, pois as pranchas tinham tamanho e muita flutuação.

Em 1973 comprei a primeira prancha uma Keo de fabrico Inglês a meias com o meu irmão Duarte, nessa altura existiam imensas marcas de pranchas Inglesas, as Blade, Bilbo, Freedom sendo esta última a nossa 2ª prancha.

A partir daqui estavam criadas as condições para começar a surfar todos os verões, todos os meses e todos os dias do ano, houvesse ou não ondas.

Depois das pranchas, vieram os fatos e assim começámos a fazer aquilo que gostávamos, sempre que era possível.

O material ficava no Baleal e nós morávamos na Atouguia da Baleia e só tinha-mos uma bicicleta, pelo que tivemos que estragar os patins que tínhamos para fazer um skate com uma tábua de madeira mandada cortar no carpinteiro. Assim já era mais fácil de chegar ao Baleal.

A partir de 1974 começámos a fazer mais vezes no Inverno, esse ano, que foi o ano da revolução (25 de Abril) só começámos as aulas em Novembro o que para nós foi excelente.

Fizemos alguns progressos como surfistas, aprendíamos principalmente com os Ingleses e com os Australianos que por cá passavam a caminho de Marrocos. Além de mim e do meu irmão também era habitual surfarem connosco o Paulinho Cruzeiro e o Miguel Cruzeiro que moravam em Lisboa mas sempre que podiam vinham para o Baleal.

Em Maio de 1977 realizou-se em Ribeira d’ Ilhas o 1º Campeonato Nacional, no qual participámos e pelo resultados até não eramos nada maus. Como correu bem o 1º Campeonato, nada melhor que fazer logo a seguir outro e assim realizou-se no mesmo ano em Peniche o 1º Campeonato Internacional.

Penso que foi a partir deste eventos que começámos a tentar ser mais competitivos e a atingir uma maior maturidade.

Foi nesta altura que além dos Ingleses e Australianos começam a aparece também em maior número Franceses com quem fizemos amizades, algumas que se mantêm até hoje.

Os anos de 1979 e 1980 foram muito bons, os que tive mais tempo para surfar, talvez possa dizer os melhores da minha vida. Ondas quase todos os dias Campeonatos em Aveiro, etc. etc. etc.

Penso que a partir daqui o Surf começou a crescer não tendo mais parado até aos dias de hoje.

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Estórias do Surf Penicheiro - XXIV

25/10/2012

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Escrito por: Nuno Cativo

UMA COM BIFES À MISTURA

E os bifes que moravam em casa da avó do Pitau? ‘Australias’ de Margeret River.

Tinham uma carrinha Volkswagen ‘pão-de-forma’ verde que tava cheia de pulga por dentro. Os gajos ‘tavam’ todos mordidos e andavam com altos ataques de comichão.

Um dia à noite, combinámos encontrar-nos no Café Oceano, local de encontro da malta da surfada naqueles tempos, pois no dia seguinte ia-mos ‘prá’ Ericeira para um campeonato.

Os manos estacionam a carrinha em frente ao clube e quando se iam a dirigir ‘pró’ Oceano, o maior deles, que tinha na boa mais de dois metros de altura, dá-lhe um ataque de comichão mesmo no meio da praça, e não tem mais nada… calças e cuecas abaixo, e toca a coçar-se que nem um desalmado - os homens já ‘tavam’ a enlouquecer com as pulgas.

Nessa altura ‘tava’ sempre um policia em frente à Pensão Avis, do avô do Filipe Bruno - "Labisa", que assim que viu aquilo, não vai de modas e levou o bife ‘prá’ esquadra, que era mesmo ali ao pé.

Lá tivemos que ir todos explicar aos “bófias” o que se estava a passar, mas só quando o bife mostrou as pernas e o resto do corpo cheio de babas é que o deixaram ir embora à pressa toda.

No outro dia só o Leopoldo é que teve coragem de ir ‘pró’ campeonato na carrinha dos bifes, o resto da malta foi numa carrinha do João “Repolho” Duarte, que ia com a lotação esgotada... ai não.

Ah... Se querem saber em que estado o Leo lá chegou… perguntem-lhe… eheheh

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Estórias do Surf Penicheiro - XXIII

1/10/2012

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Escrito por: Nuno Cativo

UMA HISTÓRIA DE SURF NAS "CABACINHAS"

Quando eu e o Leopoldo começámos a fazer surf, no remoto ano de 1982, não havia rigorosamente nada de material de surf à venda cá na nossa terrinha. Nem fatos, nem pranchas, nem “leashes”, nem “wax”... népia. Comprávamos tudo aos bifes.

Como é óbvio, nunca tínhamos visto uma revista de surf.

A minha casa ficava perto da casa da avó do Leo, onde ele ia muitas vezes almoçar, que por sua vez, ficava na mesma rua da taberna "Cabacinhas" do Sr. Humberto.

Certo dia, perto da hora do almoço, fomos lá comprar cigarros pra levar para a praia. Entrámos, e num canto junto ao balcão, estavam dois gatinhos a comer uns restos de peixe em cima de umas folhas de jornal. Só que, ... não eram folhas de jornal, eram páginas de revista com fotos de surf. Bem, nem queríamos acreditar no que estávamos a ver ...

- Sr. Humberto, Sr. Humberto, onde é que arranjou estas folhas que estão aqui com a comida dos gatos?

Diz ele: ah, isso foram uns "Ingleses" (Australianos) que estiveram aqui e deixaram prái umas revistas, tenho ali dentro umas seis ou sete.

- Eh, Sr. Humberto, mostre-nos lá.

O homem foi buscar as revistas, eram "Surfer Magazine", algumas já sem algumas páginas que tinham servido prós gatos e para forrar a gaiola dos pássaros.

O Sr. Humberto deu-nos as revistas de boa vontade, e fomos devorá-las pró quintal da avó do Leo. Que loucura, nunca mais me esqueço de uma que tinha uma reportagem sobre a última temporada no "North Shore". Ficámos de queixo caído a ver aquilo: Waimea Bay, Sunset enorme, Pipeline...

Com o que fomos lendo, aprendemos nomes de manobras, de surfistas, de marcas de pranchas e fatos, de ondas...

E se não tivéssemos lá ido nesse dia… tinham todas ido prós gatos.

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