I TORNEIO INTERNACIONAL DE SURF Faz hoje, dia 27 de Novembro de 2012 precisamente 35 anos que terminou o primeiro campeonato internacional de surf em águas lusas, que na altura foi denominado de I TORNEIO INTERNACIONAL DE SURF, e decorreu precisamente na Capital da Onda em Novembro de 1977. O jornal a VOZ DO MAR, no seu número 497, de 3 de Novembro de 1977, apresentava assim num destaque de primeira página, o surf aos seus leitores: “PROVAS INTERNACIONAIS DE SURF EM PENICHE Com a presença de praticantes de projecção mundial dentro desta modalidade, Peniche será, no próximo dia 20, cenário de diversas provas internacionais de surf, cuja realização se deve aos esforços conjugados da Câmara Municipal de Peniche, da Comissão Municipal de Turismo e da Federação Nacional de Surf. Desporto que nos oferece imagens de rara beleza e espectacularidade, as respectivas provas serão distribuídas pelos seguintes grupos etários: Juvenis (até 17 anos de idade), Júniores (até 21 anos) e seniores (mais de 21 anos). Esta é pois, mais uma relevante presença de Peniche no âmbito do desporto nacional e internacional.” O livro HISTÓRIA DO SURF EM PORTUGAL – AS ORIGENS, coordenado por João Moraes Rocha, refere ainda pelo menos mais três notícias sobre este primeiro campeonato internacional de surf em Portugal, nomeadamente no jornal A LUTA, nas suas edições de 17 e 22 de Novembro, e ainda de 7 de Dezembro. É referido ainda numa passagem de texto de João Moraes Rocha sobre este evento, o seguinte: “Neste campeonato, esteve presente muito público local, que mostrava grande interesse pelo surf, ou não fosse Peniche uma zona piscatória e, portanto, com especial interesse pelo mar.” (pág. 190) Na sua edição de 1 de Dezembro, a VOZ DO MAR, publica ainda mais uma nota, onde a determinada altura se pode ler: “Talvez, quem sabe, seja mesmo Peniche a aparecer com o primeiro clube de surf em português já que, para isso, conta com duas condições fundamentais: a existência já de um certo número de jovens a praticar este desporto e o facto de ser esta uma das melhores zonas a nível mundial com melhores características para a sua prática.” A respeito destas linhas, a primeira condição não se concretizou, no entanto a segunda acabaria pouco mais de trinta anos depois, por ser reconhecida pelas mais altas instâncias do surf mundial, com a realização da primeira prova do “World Tour” em Peniche. E termina: “Uma palavra de simpatia é devida também aos participantes de Peniche e concelho, cuja actuação foi bastante meritória, com especial relevo para o jovem Baltazar, de Atouguia.” Passados trinta e cinco anos, o testemunho na primeira pessoa de quem participou neste histórico evento para o surf português, Nuno Almeida Baltazar, o tal “jovem Baltazar, de Atouguia”, que o recorda assim: “Estava marcado o 1º Campeonato Internacional de Peniche e contou mais uma vez com o entusiamo do João Rocha. A finalidade era entrar no Campeonato e divertir-me. Eu e o meu irmão Duarte fomos acampar para o Parque de Campismo de Peniche, numa tenda familiar de três divisões que pertencia ao Rui Vala. Entretanto começam a aparecer outros surfistas portugueses que já tínhamos conhecido aquando da realização do 1º Campeonato (nacional) em Ribeiras d’ Ilhas em Maio desse mesmo ano. Depois do convívio, quando nos preparávamos para irmos dormir e quando já estava tudo sossegado, apareceu um dos irmãos Inocentes, o Luís, que tinha vindo para o campeonato à boleia, com apenas um recipiente com café com leite, que segundo ele era para partilhar com quem lhe desse qualquer coisa para comer. No dia 20 de Novembro deu-se início às primeiras provas eliminatórias entre os portugueses. Estava um dia de vento sul bastante forte e o único sítio onde havia ondas era a meio da baia, onde se disputaram os Juvenis e os Juniores. A minha prancha na altura era uma Bilbo “single fin” com bastante flutuação o que com o vento que estava, permitia mais facilmente apanhar as ondas. Nestas categorias as classificações foram, em Juvenis: 1º Lugar, Quico Rocha; 2º lugar, Paulo Inocentes; 3º lugar, Ivo Cruz. Em Juniores o 1º lugar foi para o Tó-Pê Rocha; o segundo para mim, e em terceiro ficou o João Inocentes. Devido às condições do tempo, o campeonato ficou adiado, e acabou por se realizar no domingo seguinte, dia 27 de Novembro no Molhe Leste, onde se apuram os três seniores, em 1º lugar ficou o João Rocha; em segundo o Manuel Cruz e em terceiro o Nuno Jonet. Deu-se então início ao Internacional onde entraram os nove portugueses apurados nas três categorias, e doze surfistas estrangeiros, entre eles Bruce Palmer, que já tinha ganho três títulos de campeão europeu e ganhou também este Campeonato, tendo o segundo lugar ido para o Tó-Pê Rocha. Fiquei muito contente, porque no segundo campeonato organizado em Portugal, e ainda por cima em Peniche, concelho onde nasci, morava e surfava, tinha conseguido um segundo lugar nacional e tinha recebido das mãos do Presidente da Câmara (o Sr. Luís Almeida) a medalha correspondente.” Aqui fica esta pequena homenagem a todos aqueles que organizaram e participaram neste primeiro evento internacional, embrião das provas internacionais que agora por cá se realizam.
Peniche, foi, é, e continuará a ser, uma referência no surf português. Agradecimentos: Nuno Baltazar, Luísa Inês e Miguel Taveira
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