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Estórias do Surf Penicheiro - XXII

10/9/2012

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Escrito por: João Paulo Jorge

BALEAL, ANOS 70: O SURF E O NUCLEAR

Na Europa muita coisa é inventada duas vezes, sendo a primeira na Grécia, em Atenas, e a segunda na Europa nos primórdios da modernidade; é o caso por exemplo da democracia, do teatro e também da filosofia e até do desporto (ver olimpíadas).

Noutras geografias o mesmo se passou com o surf, inventado no Hawaii ou Polinésia conforme as fontes e reinventado, nos anos 50/60do seculo XX, nos Estados Unidos mais concretamente na Califórnia.

Como nos relata João Moraes Rocha no livro “História do Surf em Portugal- as origens” (Quimera Editores, 2008), obra imprescindível para quem queira conhecer este fenómeno no nosso país, por cá os primórdios do surf situam-se já nos finais dos anos sessenta, praticado sobretudo por grupos de ingleses e americanos em surftrips, provavelmente atraídos por uma reportagem da revista americana “Surfing” sobre as ondas de Sagres. Contudo o autor refere que existem relatos de surfistas estrangeiros e nacionais em 1964 no Baleal e na Costa do Estoril e, mais tarde, na Ericeira e Costa da Caparica.

Temos portanto o Baleal (e Peniche) também a dois tempos, primeiro com uma posição de destaque nos primórdios da história do surf português, e depois com essa posição cada vez mais reforçada pelos desenvolvimentos recentes, sobretudo a partir dos anos 90 (a primeira escola de surf surge no Baleal, em 1993, através do Bruno Bairros, hoje denominado Baleal Surf Camp).

Neste intervalo de tempo, entre os primeiros relatos referentes aos anos sessenta e o início da fase de intensa comercialização do surf que se prolonga até hoje, os relatos são escassos, pelo menos os escritos, sendo de realçar que, embora o primeiro campeonato nacional de surf se tenha realizado na Ericeira, em Maio de 1977, foi em Peniche, em Novembro desse mesmo ano mais concretamente na baía Peniche-Baleal, que decorreu o primeiro torneio internacional de surf em Portugal, com a presença de surfistas americanos e australianos, como refere João Moraes Rocha.

Importa assim a recolha de alguns testemunhos referentes a esse hiato de tempo e este artigo não é mais do que uma tentativa de dar algum contributo, com o meu testemunho pessoal. E este não é mais que o descrever de algumas memórias de infância e adolescência dos intermináveis verões azuis do Baleal, algures na década de setenta.

E começo por referir um acontecimento marcante que à partida não parece ter nada a ver com a história e desenvolvimento do surf na nossa região: os protestos contra a instalação da central nuclear em Ferrel em 1976. O alcance e mediatização destes acontecimentos acabaram por passar as fronteiras e convém não esquecer que estávamos numa época em que o movimento hippie tinha ainda alguma força, embora tivesse já passado o seu auge, e o movimento ambientalista mundial começava a ter algum impacto nas sociedades ocidentais (o movimento Greenpeace surgiu em 1971) e começava a impor as preocupações ambientais na agenda política.

O certo é que durante os anos seguintes a Almagreira e o Baleal foram destino de peregrinação para muitos jovens hippies de segunda geração provenientes de toda a Europa, tendo-se realizado inclusivamente um Festival Mundial da Juventude no pinhal de Ferrel (em 1978 se não estou enganado). Estão bem presentes na minha memória os acampamentos mais ou menos selvagens na praia da Almagreira, as míticas carrinhas VW “pão de forma”, os odores característicos daquele tabaco especial que fumavam e especialmente as pranchas de surf que alguns deles traziam na bagagem.

Na minha juventude um dia típico de férias consistia em sairmos de casa logo pela manhã e passar o máximo de tempo na praia, no Baleal ou na Almagreira, e regressar a casa ao anoitecer ainda a tempo do inevitável ralhete e promessas de castigos infindáveis por parte das nossas respectivas mães. Uma das histórias que eu mais recordo passou-se num desses intermináveis verões, nesses finais dos anos 70, com os meus 14/15 anos.

Conhecemos o Gustav, um hippie austríaco acampado na Almagreira, que nos convidou, a mim e aos meus amigos, a experimentar o surf. E foi assim que passámos grande parte daquele Verão, a tentar aprender a surfar na Praínha (os nossos conhecimentos técnicos eram zero) ou melhor, a lutar desesperadamente contra as ondas e contra a prancha, que tinha um tamanho descomunal e não tinha “chop”, de modo que 99% do tempo consistia em levar com a prancha na cabeça e noutras partes do corpo e andar atrás dela para a não perder ou aleijar algum banhista desprevenido.

Uma outra coisa que nos intrigava bastante era o facto de, sendo o nosso amigo austríaco, ter uma prancha de surf e aparentemente dar uns toques na arte de surfar, visto que a Áustria, ao que sabíamos, não tinha costa. Lá acabámos por perguntar ao Gustav onde tinha aprendido. Ao que parece o rapaz praticava lá no rio que passava na sua cidade (Graz), dizia ele que em alguns troços do rio dava para fazer umas coisas engraçadas. Isto surpreendeu-nos bastante -surf no rio?-, e a primeira reacção foi a de desatarmos à gargalhada: “pois, pois”, “deve ser, deve”, “olha-me para este a gozar com o pessoal…” devem ter sido algumas expressões que usamos naquela altura (pelo menos as que se podem escrever aqui). De modo que, naquele ano e nos dois ou três seguintes em que o Gustav regressou, aquilo foi sempre motivo de galhofa da nossa parte, para grande aborrecimento do nosso amigo. Pois bem, há cerca de 3 anos fui a Graz e já nem me lembrava desse episódio quando deparei com uns tipos no rio Mur a surfar umas ondas, agarrados a um cabo (é ver no Youtube). Eh pá, desculpa lá Gustav, se vieres cá pago-te uma “mine” no café da Preciosa.

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