Chegámos finalmente a Outubro, faltam dez dias para o início do Rip Curl Pro Portugal, etapa do World Tour que há três anos a esta parte se realiza nas belíssimas ondas de Peniche. Como qualquer surfista, também eu, estou ansioso que cheguem os melhores surfistas do mundo a uma das melhores ondas do mundo. Apesar das limitações impostas ao acesso à Praia dos Supertubos, em virtude da montagem da estrutura, é algo que encaro, e tenho de encarar, com naturalidade, esperando que Neptuno seja mais uma vez cooperante, como até agora tem sido. Entretanto, Setembro de 2011 será um mês em que o surf e os surfistas portugueses recordarão por muito tempo, pois o surf ultrapassou mais algumas barreiras que os mais sépticos julgavam pouco prováveis. Começando pelo fim, Portugal sagrou-se catorze anos depois novamente campeão europeu de surf, algo que trará com toda a certeza benefícios e respeito a todos os surfistas que competem em diversos eventos por esse mundo fora. Já agora, a nível de curiosidade, Peniche também esteve representado na Irlanda, André Delgado, júri dos quadros da Federação Portuguesa de Surf, natural e residente em Peniche, assim como associado do Península de Peniche Surf Clube, fez parte da comitiva campeã. A ele se estende também os nossos mais sinceros parabéns. Foi ainda em Setembro que pela primeira vez o surf chegou à casa da democracia, à casa dos eleitos do povo, o surf chegou finalmente à Assembleia da República. Hélder Sousa Silva, deputado eleito pelo Partido Social Democrata, e oriundo da Ericeira, onde foi vereador, deu voz ao surf no Parlamento. Pode-se concordar ou não com o que foi dito, criticar o modo como foi dito ou apresentado, sentirmo-nos plagiados ou até mal representados, sermos ou não críticos, aliás como eu fui, pois achei que os restantes deputados, os quais recebem os seus ordenados fruto dos meus/nossos descontos, não terem respeitado como era sua obrigação o discurso e o assunto que um colega de bancada levava àquela câmara. Pareciam eles que estavam num intervalo entre assuntos realmente importantes, que não este, pelo menos merecia ser ouvido com respeito e atenção como qualquer outro, e não com o ar de gozo que a grande maioria deles apresentava, sendo este comportamento transversal a todas as bancadas. Senti-me profundamente mal representado e espoliado no esforço que todos os meses me obrigam a fazer para lhes pagar os ordenados e regalias que são possuidores para nos representarem. Independentemente de tudo isto, estou convicto que foi um marco importante para a nossa modalidade. Agora, a nível mais local, não posso deixar de referir, e ficar mais uma vez, para dizer o mínimo, triste, pelo facto de mais uma vez ter sido uma voz da Ericeira a ser pioneira na defesa e promoção do surf como algo que pode ser realmente importante para o desenvolvimento económico do país. Nós, penicheiros, tivemos durante uma legislatura quase completa um deputado naquela câmara, que nem uma única vez foi capaz de proferir a palavra surf. Eleito pelo partido que elegeu o surf como uma actividade estratégica para o desenvolvimento do turismo a nível nacional, através de apoios nunca antes vistos, e refiro-me concretamente à Secretaria de Estado do Turismo, bem como à Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, não foi nunca capaz de levar à discussão uma matéria que crescia e cresce a olhos vistos na zona de onde é oriundo. Até o líder do seu partido e primeiro-ministro na altura, numa das suas aparições cá pelo burgo recebeu uma prancha de surf como “souvenir”. Foi portanto com um misto de pena e satisfação, que por um lado assisti à chegada do surf ao parlamento, mas que por outro lado, vi mais uma vez esvair-se a oportunidade de sermos nós, penicheiros, os pioneiros e a assumirmos este desígnio como nosso. Não houve coragem nem engenho para o fazermos. Foi mais uma vez preciso que a Ericeira tomasse a iniciativa, e se posicionasse na dianteira, marcando novamente pontos que no futuro nos serão mais uma vez prejudiciais, quando inevitavelmente o surf fizer parte das agendas da nova geração de políticos, que vêem mais além do que betão e cimento armado como forma de desenvolver o País. É mais fácil agora perceber o porquê de o surf ter estado arredado das principais discussões e estratégias de desenvolvimento de Peniche, não sendo nunca um assunto interessante para quem nos dirigia, e é talvez por isso que a Ericeira é a Ericeira, reconhecida nacional e internacionalmente há muitos anos, e Peniche só agora começa a trilhar esse caminho. Se Peniche é hoje conhecida mundialmente, deve-o ao surf, e isso é algo que ninguém pode negar, apesar de alguns não estarem satisfeitos com esse facto e tudo NÃO fazerem para ajudar a consolidar esta situação.
2 Comentários
maria luis
4/10/2011 22:06:54
não sei o kse passa mas fico mto contente k depois de tanto tempo sejas algo positivo para o k se passa nesta terra, pois nem tdo é mau, talves seja as energias positivas k tdos esperamos k sejam transmitidas, e viva o surf e peniche concretamente, zé!!!!!!
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Nuno Costa
6/10/2011 04:48:47
Já que estamos a falar de Surf e desenvolvimento, venho por este meio lembrar os Governantes para que deixem durante pelo menos na altura do campeonato os establecimentos fazerem algum dinheiro e não mandarem a GNR andar a fechar os bares , porque alem de ser + uma vergonha para a autarquia ( a outra é o lixo e as caravanas) é triste para os agentes da autoridade que acabam por ser assubiados e levam com comentarios desagradaveis, andarem de bar em bar a mandar fechar com tanta gente que quer deixar boa parte do seu ordenado.
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