Escrito por: José Miguel Nunes “Surfing is my religion. (…) So is God and religion just a construct of the human brain? Or is the human brain a construct of God” – Ben Marcus Sempre gostei de ler e saber coisas sobre surf. Juntei até ao momento meia centena de livros, entre biografias, histórias, compilações das melhores reportagens de revistas de referência, como a Surfer ou a Surfing, e umas centenas de revistas nacionais e internacionais. Encontram-se entre os que mais gosto algumas “pérolas”, como uma história do surf editada em 1964, a primeira revista portuguesa onde se falou de surf em Portugal datada de 1969, o caderno informativo do primeiro Rip Curl realizado em Peniche em 1988 ou ainda os vinte primeiros números da extinta Surf Magazine. Gosto de escrever sobre surf, dando a minha opinião sobre os factos, ou simplesmente contando algumas histórias destas três décadas que levo de ondas na cabeça, mas também de reportar os feitos dos vários surfistas locais que competem nos diversos circuitos nacionais e internacionais. Mais recentemente senti necessidade de ir um pouco mais além, e propus-me a dissertar sobre surf num mestrado de Turismo e Ambiente. Fi-lo na ótica do surfista e da sua satisfação perante as ondas que Peniche tem para oferecer, pois como surfista acredito que é daí, do mar, das ondas, que qualquer surfista que viaja retira a maior parte da sua satisfação enquanto turista. Foi uma transição não muito fácil para esta nova escrita. Cingir-me apenas aos números e às fontes e deixar de opinar não fazia muito sentido. Foi difícil a adaptação a esta nova maneira de escrever, mais fria, mais crua. O surf para mim sempre foi acima de tudo paixão. Paixão pelas ondas, paixão pelas surfadas, paixão pelas praias, paixão pelas pranchas, paixão pelos amigos com que se partilha o “line-up”, paixão pelos livros, paixão pelas revistas, paixão por poder dar o meu contributo, paixão pelo que escrevo … e nesta nova maneira de escrever não é diferente, nunca será diferente. Ao longo destes anos que escrevo sobre a minha paixão, e já lá vão alguns, senti várias vezes pressão, senti várias vezes tentativas de bloqueio, umas vezes de forma mais evidente, outras de forma mais dissimulada. Sempre lhes fui imune, segui sempre o meu caminho. Este ano outros desafios se porão. Esta nova faceta abriu-me novos horizontes, até há bem pouco tempo desconhecidos, um novo mundo a descobrir no estudo do surf, e devagarinho lá trilharei o meu rumo, também aqui imune às pressões, aos bloqueios, porque também os há, mas uma coisa vos garanto, seguirei o meu caminho, como sempre fiz. Ideias borbulham no meu pensamento para novos estudos, para novos projetos, para novas abordagens ao fenómeno surf. A pouco e pouco vão tomando forma e mais cedo ou mais tarde, espero, materializar-se-ão em algo palpável. Bom ano e boas ondas…
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Dezembro 2016
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