Foto: Carlos Tiago As expectativas estavam altas, muito altas, pois em 2011, Supertubos tinha estado simplesmente extraordinário. Apesar de uma estrutura ligeiramente mais leve, a imponência da mesma não deixou de marcar ainda assim a pacata paisagem desta praia, conhecida e reconhecida nos quatro cantos do mundo, onde foi no entanto notória a preocupação de minimizar ao máximo a pegada ecológica de um evento deste calibre. Foi um evento difícil de gerir, talvez pela expectativa das previsões serem bastante animadoras, e de ainda, na nossa memória estarem presentes os tubos do ano anterior. O “swell” esteve pouco consistente ao longo de todo o período de espera, não encaixando sempre nos bancos dos Supertubos, ainda assim, em determinadas alturas da maré, foi possível ver ondas de altíssima qualidade, que aliadas ao talento dos intervenientes, proporcionaram “scores” quase perfeitos. A nível de curiosidade, das duzentas e trinta e três ondas que contaram para definir os “scores”, quase metade delas foram pontuadas com notas de bom para cima (cinco notas dez incluídas), mais precisamente 49,8%. Admitindo que é sempre mais fácil falar à posteriori, houve no entanto na minha opinião, à semelhança de 2009, alguns erros de avaliação das condições por parte do diretor de prova. Exemplo disto, foi a quarta-feira, dia 17, em que os “heats” da parte da manhã nunca deveriam ter ido para a água, pois não se põe em causa daquela maneira, a imagem tanto dos surfistas, como da própria onda, quando nos dois dias anteriores teve a possibilidade de os fazer no pico alternativo em condições bastante melhores. Foi a todos os níveis frustrante ver um surfista como Kelly Slater ter nas suas duas melhores ondas um 2,67 e um 2,60, quando um par de horas depois houve um dez, e várias notas acima de oito. Quanto à final, e se houve um erro por parte de Gabriel Medina que perdeu a prioridade já no último minuto, o 8,43 atribuído à última onda de Julian Wilson deixou no mínimo algumas dúvidas, mas isso, são contas de outro rosário... Para a história o que perdurará será a vitória do australiano, a primeira da sua carreira no World Tour. Um dos aspetos bastante positivos neste Rip Curl Pro 2012, foi a proximidade existente com o PPSC – Peniche Surf Clube, clube que legitimamente representa os surfistas de Peniche, e que permitiu entre muitas outras coisas, a realização pela primeira vez em Portugal de um “Trials of the Trials”. Esta prova organizada pelo clube local, apurou um atleta para o “Trials” oficial do evento, merecendo destaque o facto de ter sido autorizado pela Rip Curl, a utilização da estrutura do evento principal para a sua realização. Francamente negativo na minha opinião, foi a realização do Festival Moche naquele local. Defendo que este tipo de iniciativas deve ter sempre lugar dentro de Peniche. Foi-me garantido que houve essa preocupação por parte das entidades locais, e acredito que sim, mas que os promotores foram irredutíveis nesse aspeto. É preciso então que não nos verguemos em demasia às decisões de quem tem o dinheiro e que imponhamos também a nossa vontade, puxando se for caso disso, dos galões da legitimidade de sermos parceiros e detentores do bem que eles querem utilizar, a onda dos Supertubos. De uma vez por todas, se nós precisamos deles para realizar cá este evento de modo a nos promovermos, eles também precisam de o fazer cá (lá está, parceiros), pois em Portugal não encontram outro lugar com as condições que nós temos para lhes oferecer. Haja coragem, e se necessário for, dêem-se alguns murros na mesa. Para terminar, os números não mentem, e na minha opinião este campeonato merece nota positiva. Que venha 2013.
1 Comentário
HENRIQUE CONDE
22/10/2012 08:56:22
Escrever assim, na suavidade das Super Ondas, dando relevancia a algumas das ocorrencias do referido evento e deixando o olhar critico mas construtivo,e salutar e devo realcar, tal atitude...De igual modo, saliento a penultima observacao,(de uma vez por.....)mesmo levantando um pouco mais a "onda", ela nao deixa de ser "suave", ate porque as excepcionais condicoes e unicidade dos "nossos" SUPER TUBOS sao de reconhecimento mundial e a subserviencia e "prima" da prepotencia e isso... nunca, ate porque o "produto e nosso"................}}}}}}}}
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