Foto: João Rosado Três meses, é o tempo de vida do PENICHE SURF NEWS, feitos no passado dia 26 de Outubro. Durante estes três meses aconteceram algumas coisas que ficarão para sempre marcadas no surf penicheiro. Destaco alguns pontos que julgo terem alguma importância para a evolução do surf em Peniche, e na sua afirmação como destino de excelência para a atividade: 1º - Daniel Fonseca, atleta do Península de Peniche Surf Clube (PPSC), sagrou-se Campeão Nacional de Bodyboard na categoria de Sub-18, este que foi o seu último ano a correr o Circuito de Esperanças. A juntar a este título, é de registar que este atleta foi campeão em todas as categorias pelas quais passou na sua evolução competitiva, saliente-se ainda que este extraordinário “bodyboarder”, venceu todas as etapas deste último circuito em que participou. Com um futuro bastante promissor na modalidade, Daniel Fonseca é já uma certeza no bodyboard nacional, onde o próximo desafio da sua ainda curta carreira é o circuito “open”, que não temos dúvidas irá ser repleto de vitórias e alegrias, assim tenha os apoios necessários para o enfrentar, pois qualidade e perseverança já mostrou que tem, e muita. Parabéns Daniel. 2º - Como não podia deixar de ser, o RIP CURL PRO PORTUGAL. Que extraordinário campeonato. Foi magnífico ver os melhores surfistas do mundo desfrutarem da qualidade das ondas em Peniche. Se alguém ainda tinha dúvidas, esta etapa de 2011 dissipou-as, Peniche e a onda dos Supertubos são um dos melhores locais do mundo para realizar uma etapa do “World Tour”. Supertubos mostrou mais uma vez que é uma onda de qualidade mundial, para além disso, Peniche garante um leque enorme de alternativas para a eventualidade de a nossa principal onda não estar na sua plenitude, isto é algo que não tem preço no planeamento necessário para uma etapa desta envergadura. 3º - Inauguração (semi-inauguração!!!) do Centro de Alto Rendimento (CAR), obra que defendo desde o início e que julgo ser de importância capital para a cada vez maior afirmação de Peniche como Capital da Onda. Falta apenas conhecer o plano de gestão e sustentabilidade do mesmo, e que implicações diretas na criação de emprego para residentes em Peniche vai proporcionar, uma vez que segundo palavras do próprio Presidente, a Câmara Municipal de Peniche é o principal parceiro deste projeto, tendo portanto aqui uma boa oportunidade de emendar algumas atitudes com as quais tem pactuado relativamente à comunidade surfista local. 4º - LOCALISMO, essa palavra que assusta tanta gente. O localismo sempre existiu e sempre existirá. Pode-se discutir se é moralmente aceitável ou não a sua existência, uns dirão que sim, outros dirão obviamente que não. O localismo é um fenómeno que muito dificilmente se extinguirá, até porque o sentimento de pertença é algo que está nos genes de qualquer animal, e o ser humano não é exceção. Agora o que difere o ser humano como ser racional e inteligente dos restantes animais, é a sua capacidade de lidar com coisas com as quais não concorda, de modo moderado, consciente e civilizado, e é neste sentido que o localismo é importante e até necessário, mais que não seja para preservar os seus recursos naturais. A insistência por parte de alguns, nomeadamente agentes diretamente relacionados com o fenómeno de expansão do surf como atividade de negócio, e até de retorno mediático na promoção, tanto pessoal, como lucrativa das suas atividades, em atribuir e sempre, uma conotação radical e violenta à expressão “localismo” é que não nos parece de modo nenhum correta, aproveitando esse facto para mascarar atitudes e decisões que são muito discutíveis relativamente ao modo como tratam os locais de determinada zona onde desenvolvem ou pretendem continuar a desenvolver as suas ações. São estas atitudes que fazem com que o localismo moderado e consciente comece a aproximar-se do extremo radical que nenhum de nós pretende. Porventura aqueles que tanto criticam o localismo, serão esses mesmos que na sua base o potenciam, olhando só para os seus interesses e objetivos, usando e abusando de tudo e de todos, sem “dar cavaco” a ninguém, como seria, pelo menos moralmente, a sua obrigação. Impõe-se agora uma reflexão muito breve sobre os números deste PENICHE SURF NEWS, no seu primeiro trimestre de vida. Temos então que no primeiro mês as vistas totalizaram 4.975, no segundo 4.272, e no terceiro mês 6.375, o que em termos médios resultou em 170 vistas diárias. São números que nos deixam bastante satisfeitos e com vontade de continuar. Tivemos recentemente a primeira colaboração externa em termos escritos, com um artigo de opinião, que esperamos seja o primeiro de muitos, e que isso abra a porta a todos aqueles que pretendam transmitir a sua opinião o venham a fazer, pois este espaço estará sempre aberto a novas colaborações. É devido também um agradecimento a todos aqueles que colaboram de forma indireta neste projeto, enviando pequenas notas sobre competições de atletas da terra, facultando revistas antigas para a compilação das “Histórias”, fotografias de outros tempos que descobrem nos baús lá de casa… a todos muito obrigado. Não podiamos também deixar de endereçar uma palavra aos nossos fotógrafos residentes pela disponibilidade e acima de tudo pela qualidade das suas colaborações. Para terminar, e apesar de o já termos dito inúmeras vezes, voltamos a dizê-lo para que não subsistam quaisquer dúvidas sobre o assunto: o PENICHE SURF NEWS é, e será sempre, um local onde o surf e os surfistas de Peniche estarão em primeiro lugar. Não esperem nunca que o PENICHE SURF NEWS seja subserviente relativamente a quem quer que seja… não esperem nunca que o PENICHE SURF NEWS seja politicamente correto… esperem sempre que o PENICHE SEURF NEWS divulgue, promova e defenda os direitos do surf e dos surfistas de Peniche, doa a quem doer. MUITO OBRIGADO A TODOS
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No próximo mês de Novembro, dias 23 a 25, irá acontecer em Peniche, na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) mais uma edição do Congresso Internacional de Turismo, a quinta. Com o nome de V INTERNATIONAL TOURISM CONGRESS (ITC), tem como tema de fundo: “The Image and Sustainability of Tourist Destinations”. É um encontro, que como o próprio nome indica, fala de turismo. É um encontro, onde os maiores especialistas na matéria, a nível nacional e internacional, debatem ideias, apresentam estudos e indicam caminhos para o futuro do turismo em várias vertentes. Fruto das minhas obrigações profissionais (que nada têm a ver com turismo), acompanhei os últimos três congressos, e deles retirei ensinamentos importantíssimos que me fizeram ver o surf como importante meio de sustentabilidade turística de uma região, nomeadamente a de Peniche. Desde sempre que acho que é com os melhores que se aprende, desde sempre que acho que são os melhores que temos de ouvir, e a estes congressos na ESTM vêm os melhores na área do turismo, e eu ouço-os sempre com muita atenção. Este congresso sempre me interessou, ouvi grandes nomes do turismo dissertar sobre aspectos que eu tentava posteriormente transpor para as minhas ideias sobre o que o surf poderia trazer em termos turísticos para Peniche, no entanto acabava por ficar sempre um pouco frustrado, pois por muito que quisesse, eram sempre adaptações de outras áreas, ainda que algumas com pontos de interesse coincidentes, mas nunca nada especificamente direcionado para o surf, e isso criava-me algum desconforto nas conclusões que tirava. Este ano será diferente, o Congresso Internacional de Turismo irá para mim ter um interesse redobrado, e a justificação é simples: o surf fará pela primeira vez (que me lembre) parte dos “abstracts” aceites neste restrito conjunto de trabalhos que irão ser apresentados. Este ano vou pela primeira vez ouvir falar especificamente de surf. É com uma pontinha de orgulho que vejo o surf ultrapassar mais um degrau importante nesta sua escalada de afirmação como algo importante para a sociedade, pois é algo pelo qual me tenho batido ao longo dos anos, e finalmente começa a acontecer em várias áreas de intervenção, nomeadamente na turística. As intervenções (duas) que este ano abordarão o surf neste V Congresso Internacional de Turismo, serão da responsabilidade de João Paulo Jorge, Patrícia Reis e Susana Malheiros, e é novamente com orgulho que o refiro, penicheiros de gema, nados e criados. Acresce ainda que os dois primeiros são docentes nesta instituição, sendo o Doutor João Paulo Jorge presentemente coordenador do Mestrado em Gestão e Sustentabilidade no Turismo. Assim, temos: - Sport tourism and surfers travel motivations: the Rip Curl Pro 2010 Portugal (João Paulo Jorge e Patrícia Reis) - Residents' perceptions to surf tourism: a multivariate analysis (João Paulo Jorge e Susana Malheiros) Como surfista, este será com toda a certeza um congresso especial. Não tenho pejo em afirmar que para além do próprio congresso, estou profundamente convicto que o surf sairá daqui bastante mais enriquecido, pois o contributo destes mestres, irá revelar-se no futuro, de capital importância para a análise deste segmento de turismo, dando-lhe ainda uma importante respeitabilidade aos olhos dos diversos agentes, tanto sociais, como empresariais e políticos, por força da base científica e de estudo que sustenta as intervenções. Em nome do surf em Peniche, termino com um enorme OBRIGADO a estes estudiosos, pela coragem de trazerem a um congresso com os pergaminhos que este granjeia dentro do meio o tema surf. Toda a informação disponível no “site” oficial do congresso em www.itc.ipleiria.pt. Chegámos finalmente a Outubro, faltam dez dias para o início do Rip Curl Pro Portugal, etapa do World Tour que há três anos a esta parte se realiza nas belíssimas ondas de Peniche. Como qualquer surfista, também eu, estou ansioso que cheguem os melhores surfistas do mundo a uma das melhores ondas do mundo. Apesar das limitações impostas ao acesso à Praia dos Supertubos, em virtude da montagem da estrutura, é algo que encaro, e tenho de encarar, com naturalidade, esperando que Neptuno seja mais uma vez cooperante, como até agora tem sido. Entretanto, Setembro de 2011 será um mês em que o surf e os surfistas portugueses recordarão por muito tempo, pois o surf ultrapassou mais algumas barreiras que os mais sépticos julgavam pouco prováveis. Começando pelo fim, Portugal sagrou-se catorze anos depois novamente campeão europeu de surf, algo que trará com toda a certeza benefícios e respeito a todos os surfistas que competem em diversos eventos por esse mundo fora. Já agora, a nível de curiosidade, Peniche também esteve representado na Irlanda, André Delgado, júri dos quadros da Federação Portuguesa de Surf, natural e residente em Peniche, assim como associado do Península de Peniche Surf Clube, fez parte da comitiva campeã. A ele se estende também os nossos mais sinceros parabéns. Foi ainda em Setembro que pela primeira vez o surf chegou à casa da democracia, à casa dos eleitos do povo, o surf chegou finalmente à Assembleia da República. Hélder Sousa Silva, deputado eleito pelo Partido Social Democrata, e oriundo da Ericeira, onde foi vereador, deu voz ao surf no Parlamento. Pode-se concordar ou não com o que foi dito, criticar o modo como foi dito ou apresentado, sentirmo-nos plagiados ou até mal representados, sermos ou não críticos, aliás como eu fui, pois achei que os restantes deputados, os quais recebem os seus ordenados fruto dos meus/nossos descontos, não terem respeitado como era sua obrigação o discurso e o assunto que um colega de bancada levava àquela câmara. Pareciam eles que estavam num intervalo entre assuntos realmente importantes, que não este, pelo menos merecia ser ouvido com respeito e atenção como qualquer outro, e não com o ar de gozo que a grande maioria deles apresentava, sendo este comportamento transversal a todas as bancadas. Senti-me profundamente mal representado e espoliado no esforço que todos os meses me obrigam a fazer para lhes pagar os ordenados e regalias que são possuidores para nos representarem. Independentemente de tudo isto, estou convicto que foi um marco importante para a nossa modalidade. Agora, a nível mais local, não posso deixar de referir, e ficar mais uma vez, para dizer o mínimo, triste, pelo facto de mais uma vez ter sido uma voz da Ericeira a ser pioneira na defesa e promoção do surf como algo que pode ser realmente importante para o desenvolvimento económico do país. Nós, penicheiros, tivemos durante uma legislatura quase completa um deputado naquela câmara, que nem uma única vez foi capaz de proferir a palavra surf. Eleito pelo partido que elegeu o surf como uma actividade estratégica para o desenvolvimento do turismo a nível nacional, através de apoios nunca antes vistos, e refiro-me concretamente à Secretaria de Estado do Turismo, bem como à Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, não foi nunca capaz de levar à discussão uma matéria que crescia e cresce a olhos vistos na zona de onde é oriundo. Até o líder do seu partido e primeiro-ministro na altura, numa das suas aparições cá pelo burgo recebeu uma prancha de surf como “souvenir”. Foi portanto com um misto de pena e satisfação, que por um lado assisti à chegada do surf ao parlamento, mas que por outro lado, vi mais uma vez esvair-se a oportunidade de sermos nós, penicheiros, os pioneiros e a assumirmos este desígnio como nosso. Não houve coragem nem engenho para o fazermos. Foi mais uma vez preciso que a Ericeira tomasse a iniciativa, e se posicionasse na dianteira, marcando novamente pontos que no futuro nos serão mais uma vez prejudiciais, quando inevitavelmente o surf fizer parte das agendas da nova geração de políticos, que vêem mais além do que betão e cimento armado como forma de desenvolver o País. É mais fácil agora perceber o porquê de o surf ter estado arredado das principais discussões e estratégias de desenvolvimento de Peniche, não sendo nunca um assunto interessante para quem nos dirigia, e é talvez por isso que a Ericeira é a Ericeira, reconhecida nacional e internacionalmente há muitos anos, e Peniche só agora começa a trilhar esse caminho. Se Peniche é hoje conhecida mundialmente, deve-o ao surf, e isso é algo que ninguém pode negar, apesar de alguns não estarem satisfeitos com esse facto e tudo NÃO fazerem para ajudar a consolidar esta situação. |
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Dezembro 2016
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