Escrito por: José Miguel Nunes Foi um campeonato difícil de gerir, muitos dias de “lay day”, muita pressão e bastantes interesses extra surf a marcarem esta quinta passagem do “World Tour” por Peniche. Com uma janela de espera entre os dias 9 e 20 de Outubro, a competição para este MOCHE PRO PORTUGAL by RIP CURL, começou na realidade dois dias antes, ou seja, dia 7 com o TRIALS OF THE TRIALS do PPSC – Peniche Surf Clube, que pelo segundo ano consecutivo atribuiu um “wild card” para o MOCHE TRIALS, que se realizou no dia seguinte, sedo que este, foi também organizado pelo clube local, isto sim, uma novidade. Referir ainda, que entre outras iniciativas, o PPSC organizou ainda no Centro de Alto Rendimento uma palestra/tertúlia extremamente interessante, intitulada “Conversas na Areia – Saúde no Surf”, mostrando que é possível e benéfica, uma interação com quem representa a comunidade surfista local. Dia 9 começa sem demoras a competição principal, ainda que com ondas fraquinhas, e com previsões nada animadoras para os dias seguintes. Nesta altura começam as cogitações, do melhor lugar para dar continuidade à competição, e fruto de uma decisão estratégica, tomada com base em tudo, menos a pensar no surf e nos surfistas, a estrutura alternativa estava lá para os lados de Cascais, quando deveria estar, aliás, como nos anos anteriores, no Pico da Mota, o que proporcionou que durante os longos seis dias de “lay day”, os “prós” dessem por lá vários “shows” de surf. Não tenho conhecimento que algum deles se tivesse sentido atraído pelas tais ondas de “backup” tão sabiamente escolhidas pela organização. O nervoso miudinho aumentava a cada novo dia de “lay day”, bem como as pressões vindas de uma máquina bem oleada por parte da nova Capital do Surf, que se promoveu, e bem, à conta das ondas da Capital da Onda. Manteve-se felizmente a serenidade, e muito por culpa dos próprios competidores, esperou-se o que se tinha de esperar, e os Supertubos, apesar de não se apresentarem de gala, mostraram toda a sua qualidade, o que permitiu concluir a prova com ondas muito boas, proporcionando um espectáculo de alta qualidade. Há três ilações a retirar deste campeonato: 1º - A Praia dos Supertubos é a única que reúne as condições de excelência necessárias para a realização de uma etapa do WT em Portugal, e atenção que não estamos a falar do circuito de qualificação, isto é, alia a qualidade de uma onda de topo, às condições em terra, tanto para a logística da prova, como para os espectadores; 2º - A zona de Peniche é a única em Portugal que reúne condições para que uma prova com estas características se possa realizar independentemente das variações de “swell” e de vento, sem que com isso se tenham de fazer deslocações exageradas, e ainda assim com ondas de boa qualidade; 3º - Os surfistas (competidores) são quem realmente percebe de surf, e estes querem vir a Portugal surfar, mas para surfar nos Supertubos, esta é que é a dura (para alguns) realidade. A ASP (Association of Surfing Profissionals), organismo que gere o surf a nível mundial, pela voz de Renato Hickel (“tour manager” do circuito), afirmou, em resposta ao Presidente da Câmara de Peniche, que o inquiriu sobre o sentimento deste organismo relativamente a Peniche e a esta etapa que se depender da ASP, esta etapa não sai de Peniche. Mais palavras para quê? Quer isto dizer, se a preocupação primeira de um Circuito Mundial, for, a possibilidade de os melhores surfistas do mundo competirem nas melhores ondas do mundo, em Portugal, terá sempre de ser em Peniche, deixem-se lá de Cascais, Carcavelos e Guinchos, que isso são só jogadas de “marketing”. Terminar apenas com as palavras de um surfista local, em conversa já no Molhe Leste, momentos depois de acabar o campeonato, “não tem importância nenhuma, mas que soube bem ouvir no palco agradecerem aos surfistas locais e ao PPSC – Peniche Surf Clube, lá isso soube”. Muito bem, acrescento eu. Assim, até para o ano, que as ondas de Peniche continuam por cá, com a mesma qualidade de sempre, com a qualidade que os melhores do mundo gostam de surfar e nós cá estaremos para os receber, como sempre temos feito.
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Escrito por: José Miguel Nunes Estavam a dar umas ondas engraçadas nos Supertubos, o “crowd” era de qualidade, ou não estivesse o Moche Pro Portugal em arranque. Dentro de água, andava o Sr. Joel Parkinson, um dos melhores surfistas do mundo e atual detentor do título. Numa atitude altamente reprovável, o Sr. Joel Parkinson “dropina” descaradamente um bodyboarder local. Quando é chamando à atenção para o facto, reage mal, dizendo que na terra dele os bodyboarders não têm voto na matéria. Leva uma chapadita, sai da água, e vai fazer queixinhas que tinha sido agredido. Estes foram os factos. A Stabmag, no artigo sobre o assunto, assume claramente uma posição, sem no entanto ser directa, em favor do campeão do mundo, dando a entender que por ser campeão do mundo tem mais direitos que os outros. Então é assim: - O Sr. Joel Parkinson dropinou, ponto. Primeiro, não devia ter dropinado, segundo, ouvia, e pedia desculpa pelo dropino. Era assim que um campeão do mundo como deve ser deveria ter reagido, pois não se pode esquecer que é profissional, ganha muito dinheiro para fazer surf, e a imagem que transmitiu é altamente negativa, sendo que é alguém com a responsabilidade de ser visto como um ídolo para muitos milhares de crianças pelo mundo inteiro; - Levou uma chapadita, e foi muito bem dada, pode ser que sirva de exemplo; - Com uma atitude de estrela e de menino mimado, habituado a que andem com ele ao colinho, ainda vai fazer queixinhas que tinha sido agredido. Reprovável. Poderia com essa atitude ter criado uma situação bem complicada e bastante embaraçosa na praia, tanto para a organização, como para os locais de Peniche. Toda esta situação poderia ter sido evitada, se o Sr. Joel Parkinson, campeão do mundo, não tivesse dropinado e desrespeitado um local de Peniche, como fez. Tão simples quanto isto. Não venham é agora desculpar o Sr. Joel Parkinson só porque ele é uma estrela. O Sr. Joel Parkinson errou e portou-se mal. Por AQUI, são várias as referências ao comportamento do Sr. Joel Parkinson dentro de água, relativamente ao modo como preza e impõe o seu estatuto de local onde vive, então, tem o Sr. Joel Parkinson que ter o comportamento inverso quando está na terra dos outros, onde não é local. O Sr. Joel Parkinson não é local de Peniche, logo, tem de respeitar os locais de Peniche, isto, se quiser ser respeitado, e neste caso, não respeitou. A minha opinião, … teve o que mereceu. Escrito por: José Miguel Nunes Estamos a dois dias de começar mais uma etapa do “World Tour” em Peniche, a prozada está a chegar, e é preciso ter tudo montado a tempo e horas. No seguimento do que tenho feito nos anos anteriores, tive oportunidade de observar de perto a montagem da estrutura que está a ser colocada na Praia dos Supertubos. Acho muito sinceramente que houve uma preocupação acrescida por parte da organização, em minimizar os impactos ambientais que qualquer estrutura com estas dimensões provoca num ambiente natural como é aquele, pois é inevitável que haja impactos, podem é ser tomadas medidas que os minimizem. A estrutura em frente ao pico, está assente numa plataforma sobrelevada na duna, com uma altura que em alguns locais ultrapassa o metro de altura, o que no meu ponto de vista protege e não interfere de modo significativo com as areias nem com o coberto vegetal que as sustenta. Gostaria de acrescentar ainda, a preocupação em fazer a montagem a partir da praia em direção à duna, e não ao contrário, o que permitiu que o impacto de pisoteio tenha sido até agora reduzido. Apraz-me também registar que tem sido utilizado única e exclusivamente o trilho existente na parte de trás das dunas para a deslocação motorizada. Já não tenho a mesma opinião relativamente ao que está a acontecer nas estruturas ao início da praia, que apesar de a dimensão ser inferior à do ano passado, está a deslocar grandes quantidades de areia para aquele local, o que no meu ponto de vista não é benéfico, e muito menos necessário, pois poderiam facilmente criar uma estrutura também de sobrelevação para as assentar, sem necessidade de mexer nas areias da forma como estão a fazer. No entanto, de um modo global, julgo que nesta fase de montagem, estão a ser tomadas medidas de minimização dos impactos ambientais, o que é positivo. Esperemos que durante o decorrer da prova, e na fase da desmontagem, tenham a mesma preocupação, e que não repitam os erros do passado, pois se assim for, também cá estaremos para os divulgar, sem nos intimidarmos, nem com recados vindos pelas mais variadíssimas vias, nem com relatórios encomendados e muito menos com “lobbies” de imprensa. Agora, que venham as ondas, e que o espectáculo comece. |
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Novembro 2016
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